Preços de alimentos devem voltar a subir por El Niño, avalia Banco Central
No curto prazo, efeitos podem se manifestar em preços mais elevados de produtos in natura
O Banco Central afirmou, em box do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que espera reversão da tendência de queda dos preços de alimentos, observada desde o segundo semestre de 2022, nos próximos meses.
O principal motivo são os impactos “de grandeza limitada” derivados do El Niño.
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Como na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC voltou a destacar no RTI que há “incerteza relevante em relação à magnitude e ao momento desses impacto”.
No curto prazo, os efeitos, conforme a autoridade monetária, tendem a se manifestar em preços mais elevados de produtos in natura.
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O BC ainda acrescentou que as altas recentes do açúcar e do arroz no mercado internacional podem estar relacionadas ao efeito do fenômeno climático no Sudeste Asiático.
Além disso, a queda da safra no início do ano e o volume robusto de exportações, pressionam os preços internos do grão.
“Esse risco para os preços internos, mais acentuado para os meses finais do ano, é mitigado pela perspectiva de chuvas mais abundantes na região Sul do país com a transição para o El Niño e por safra maior do grão no primeiro semestre de 2024.”
Para o ano que vem, o BC avalia que deve haver menos espaço para novas quedas expressivas de preços de grãos diante de estimativas de menor expansão da área plantada total.
A autoridade monetária ainda citou os resultados da pesquisa pré-Copom de setembro, que apontou potencial impacto acumulado de 0,85 ponto porcentual do El Niño na inflação de 2023 e 2024, sendo que apenas 0,20 p.p. está incorporado às projeções.
Histórico
No box, o BC ainda faz uma avaliação sobre os fatores que influenciaram a variação de preços alimentícios nos últimos anos, considerando que, de 2020 a 2022, o grupo do IPCA – índice oficial de inflação – de alimentação no domicílio acumulou alta de preços mais de duas vezes maior que a variação do índice cheio, enquanto 2023 tem sido marcado por queda.
Segundo o órgão, a inflação de alimentos foi afetada em 2020 pelos primeiros impactos da pandemia de covid-19, pela depreciação cambial, bem como pela recuperação rápida da atividade e dos preços de commodities.
No ano seguinte, o BC lembra dos efeitos da escassez hídrica, assim como do aumento continuado das commodities.
Já em 2022, o principal impacto foi a guerra na Ucrânia, mas os preços começaram a ceder no segundo semestre com o recuo de preços de commodities e de insumos, o que se seguiu pelo início de 2023, ajudado também pela apreciação cambial.
Com informações do Estadão Conteúdo