Powell: Fed pode começar a reduzir ritmo de alta de juros em dezembro

Presidente do banco central dos EUA alertou, no entanto, que trabalho para conter a inflação continua

Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly
Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse, em evento no Brookings Institution nesta quarta-feira (30), que o banco central americano pode reduzir o ritmo de seus aumentos de juros “já em dezembro”.

Powell, no entanto, alertou que a luta contra a inflação está longe de terminar e que questões-chave permanecem sem resposta, incluindo até que ponto as taxas precisarão subir e por quanto tempo.

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“Faz sentido moderar o ritmo de nossos aumentos de juros à medida que nos aproximamos do nível de contenção que será suficiente para reduzir a inflação. O momento de moderar o ritmo de aumentos de juros pode chegar já na reunião de dezembro”, disse Powell.

O presidente do Fed destacou que os juros ainda devem permanecer em nível restritivo por algum tempo para que a inflação volte para a meta de 2%.

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Powell disse também que o Fed tem um longo caminho à frente para o combate a inflação e trazer de volta a estabilidade nos preços. “A inflação registrou uma queda recentemente, mas ela é bastante volátil e temos que ter muito mais evidências para assegurar que a inflação está indo para a meta”, disse ele, em evento sobre cenário econômico dos EUA transmitido pelo site da Brookings.

Powell disse que a inflação ainda está com um cenário incerto e que o mercado de trabalho segue bastante aquecido. Ele destacou que novos choques de oferta podem provocar uma pressão de alta na inflação.

“Os salários continuam subindo acima do nível necessário para trazer a inflação de volta para a meta”, disse. Segundo ele, os salários estão subindo de 1,5% a 2% acima do nível que seria consistente com a inflação na meta. “Queremos que os salários subam mas dentro dos níveis consistentes com 2%”, afirmou.

Para Powell, a pandemia criou uma falta de oferta de mão de obra significante e persistente. Ele citou o alto volume de aposentadorias durante a economia como fator importante para o desequilíbrio no mercado de trabalho.

“E o crescimento do número de vagas está acima do necessário para acomodar o crescimento da população”, disse. Segundo ele, a demanda por trabalho e o crescimento dos salários mostram apenas pequenos sinais de moderação. Por isso, salientou que nesse momento os dados do relatório “Job Openings and Labor Turnover Survey”, o Jolts, serão muito importantes.

O Jolts de outubro mostrou que existiam 10,3 milhões de vagas nos EUA no fim de outubro, desacelerando em relação às 10,7 milhões de setembro. “A falta de mão de obra não vai desaparecer tão logo”, disse.

Segundo Powell, existe um caminho para que a economia faça um pouso suave, mas o desemprego teria que crescer um pouco. Ele disse que a economia pode fazer um pouso “suavezinho”, com um pouco de recessão, mas para isso as condições do mercado de trabalho teriam que ficar melhores com mais desemprego, e a inflação de bens e imóveis teria que cair. “Mas esse não é um resultado provável”, disse. “Para isso a inflação teria que mostrar bons resultados nos próximos meses”.

O presidente do BC disse que a economia tem que crescer abaixo da tendência normal por um bom tempo para que a inflação diminua. Powell projetou que o PCE – índice de gastos com consumo pessoal, o indicador preferido do Fed – de outubro cairá para 6% em outubro, de 6,2% em setembro, e que o núcleo do PCE deve ficar em 4% em outubro, de 4,1% em setembro.

O PCE de outubro será divulgado nesta quinta-feira.

Com conteúdo do jornal O Globo e do VALOR PRO, o serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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