‘Pior da bolsa’ nesta sexta, Positivo (POSI3) aguarda queda do juro ‘já na próxima reunião do Copom’ para respirar
Ações caem mais de 18% na bolsa nesta sexta depois da apresentação dos resultados
A fabricante de computadores, urnas eletrônicas e dispositivos móveis Positivo Tecnologia torce por uma queda na taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 20 e 21 de junho.
“Quem somos nós para opinar sobre quando a taxa de juros vai cair ou não, mas estamos torcendo muito para que ela caia já na próxima reunião do Copom”, disse hoje Helio Rotenberg, diretor-presidente da Positivo Tecnologia, em teleconferência sobre o balanço da empresa no primeiro trimestre.
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Segundo o executivo, o resultado do primeiro semestre mais fraco do que na segunda metade de 2023, “não só por conta das urnas [eletrônicas], como pela sazonalidade normal do varejo”.
No fechamento desta sexta-feira (12), as ações da Positivo (POSI3) registraram queda de 20,62%, cotadas a R$ 6,35, o pior desempenho do pregão.
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Segundo semestre mais forte
Rotenberg projetou um segundo semestre mais forte em vendas em relação ao mesmo período de 2022.
Até o momento, a Positivo Tecnologia conta com R$ 1,2 bilhão em receitas asseguradas no setor público para o ano, além de R$ 1,4 bilhão em contrato assinado para entrega de 220 mil urnas para as eleições de 2024 — com previsão de entregar 80% das urnas em 2023.
Até abril, o potencial de licitações públicas das quais a empresa participa somou R$ 4,8 bilhões, volume inferior aos R$ 7,2 bilhões projetados nos quatro primeiros meses de 2022.
Em instituições públicas, o movimento foi de alta de 36% da receita bruta no período, somando R$ 385 milhões entre janeiro e março deste ano.
Balanço
A empresa observou que a projeção para o segmento ainda é impactada “por indefinições de cargos-chave em toda a Administração Pública do país com atraso na publicação de editais de licitação e contratação dos bens já licitados”.
“Estamos muito otimistas com a projeção de receita, especialmente em educação”, comentou Rotenberg. Ele citou o orçamento de R$ 40 bilhões previsto pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) este ano. “Imaginamos que parte desse orçamento seja dedicada à aquisição de computadores, tablets e softwares”.
No varejo, o executivo ponderou que “as margens ainda não estão saudáveis porque ainda há estoques com preço elevado”, mas que “já estão melhores do que no segundo semestre de 2022”.
Na divisão de consumo, a receita bruta de R$ 259 milhões no primeiro trimestre registrou alta de 70% sobre igual período do ano passado.
O resultado do segmento, segundo a empresa, refletiu o foco em vendas de notebooks e smartphones de alta capacidade e preços mais elevados nos primeiros três meses do ano.
A participação de mercado da Positivo em computadores está em torno de 13%, informou Rotenberg. Segundo ele, a estimativa é de crescimento de 20% de participação no 1º trimestre ante igual período de 2022 — as vendas do setor no período ainda não foram divulgadas pela consultoria IDC.
Já em smartphones a participação é pequena, segundo o executivo. A projeção é elevar a presença da marca Infinix na faixa de preços entre R$ 1.000 e R$ 1.500, este ano.
A expectativa é de recuperação das margens de lucro em consumo, no segundo semestre, considerando preços de insumos normalizados. “A margem deve se manter ou crescer um pouco ao longo do ano”, projetou Rotenberg.
Já a receita bruta da área corporativa somou R$ 211 milhões no primeiro trimestre, queda de 36% na comparação com o primeiro trimestre de 2022.
Segundo Rotenberg, a diferença no resultado corporativo se deve a uma demanda acima do normal em igual período do ano passado.
“Apesar da queda no faturamento do mercado corporativo, estamos muito animados com o setor, especialmente em [maquininhas] de pagamentos”, disse do diretor-presidente da companhia.
No balanço divulgado ontem à noite, a Positivo Tecnologia reiterou a projeção de receita bruta anual entre R$ 5,5 bilhões e R$ 6,5 bilhões para 2023.
“Será um ano de estabilidade na receita, puxando menos capital de giro”, informou Caio Gonçalves de Moraes, diretor financeiro e de relações com investidores.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 941 milhões – 1,5 vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Um ano antes, a dívida líquida era de R$ 665 milhões, o equivalente a 1,6 vez o Ebitda.
A companhia informou que 53% da dívida líquida atual é de logo prazo e que segue buscando formas de alongar a dívida existente, com custos mais atrativos.