População economicamente ativa no Brasil tem queda antecipada por conta da pandemia

Segundo a pesquisadora Ana Amélia Camarano, o decrescimento populacional projetado para a segunda metade da década de 2030 foi antecipado em cerca de dez anos

Caged mostra recúo no nível de empregos e é destaque desta terça (Foto: Roberto Moreyra / Agencia O Globo)
Caged mostra recúo no nível de empregos e é destaque desta terça (Foto: Roberto Moreyra / Agencia O Globo)

Um dos impactos de longo prazo da pandemia de Covid-19 será a antecipação da queda da população economicamente ativa no Brasil.

Segundo a pesquisadora Ana Amélia Camarano, coordenadora de Estudos e Pesquisas de Igualdade de Gênero, Raça e Gerações da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a queda na taxa de natalidade nos últimos dois anos, combinada com uma maior mortalidade da população em geral, antecipou em cerca de dez anos o decrescimento populacional projetado para a segunda metade da década de 2030.

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“A pandemia aumentou muito a mortalidade. Foram 450 mil óbitos a mais em 2021 comparado com 2019 e tivemos uma mortalidade materna sete vezes mais alta que a média mundial no ano passado. Muitos bebês morreram e muitas famílias adiaram a gravidez”, afirma Ana Amélia.

Segundo a especialista, a tese de que uma maior mortalidade entre a população idosa poderia desafogar a previdência não se sustenta, já que também faleceram muitas pessoas economicamente ativas, além de nascerem menos brasileiros. O saldo final é negativo para a economia em todos os ângulos.

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“A população idosa é a que mais cresce, enquanto há uma diminuição da população jovem. A crise da previdência se dá porque temos mais gente para receber do que para pagar”, diz Ana Amélia.

De acordo com os cálculos da pesquisadora, de março de 2020 a dezembro de 2021a pandemia tirou 4,4 anos de expectativa de vida no Brasil. Em 2019, uma pessoa nascida no Brasil tinha expectativa de viver, em média, até os 76,6 anos. Hoje vive cerca de 72,2 anos.

A maior mortalidade entre idosos também impacta a economia por ser uma fonte de renda a menos. “Um terço dos domicílios brasileiros tem um idoso que contribui com a renda da família. Quando morre um idoso há uma família que entra na pobreza, pois sua renda vai embora e esse dinheiro deixa de circular na economia”, diz Ana Amélia.

De acordo com a pesquisadora, o Braisl precisa se preparar para ter uma população menor. “É necessário investir no capital humano, pois a população que vai ser menor tem que ser mais produtiva. É preciso investir na educação, capacitação e saúde dessa população.”

(Com Valor Econômico)

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