PIB vai subir ou cair em 2023? Veja as projeções dos especialistas
Projeção para o PIB tem passado por revisões constantes do mercado; veja o que analistas enxergam para o desempenho da economia brasileira
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2022 em relação ao ano anterior – o valor total disso representa R$ 9,9 trilhões. No começo deste ano, os analistas do mercado tinham uma projeção para o PIB bastante discreta, mas a situação tem se alterado e há uma convicção de que a economia brasileira pode subir acima de 2%.
Isso aconteceu principalmente depois que os números dos primeiros meses surpreenderam positivamente. Assim, as projeções com relação ao crescimento do PIB têm passado por revisões para cima nas últimas semanas.
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Expectativa positiva
O boletim Focus, que é um comunicado do Banco Central sobre as projeções macroeconômicas de uma gama de economistas conceituados, apontou que o PIB deve avançar mais do que o imaginado no início do ano.
Segundo os economistas, a variação do PIB ao final de 2023 deve ser de 2,19%. No primeiro boletim do ano, os economistas apontavam uma alta provável de apenas 0,78%, segundo dados de 6 de janeiro.
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Motivos do bom humor
Para o professor de Economia da FGV Joelson Sampaio, a melhora das expectativas está relacionada ao crescimento já registrado pelo país no primeiro trimestre.
O PIB do primeiro trimestre teve alta de 1,9% em relação ao último trimestre de 2022. Na semana da divulgação, o boletim Focus indicava crescimento de 1,26% com relação aos três meses anteriores.
O agronegócio foi o grande destaque, dando um salto de 21% em relação ao período imediatamente anterior. Porém, o avanço acima do esperado para o PIB futuro pode estar relacionado ao crescimento de outros setores, dizem os analistas.
“A expectativa de crescimento acima do esperado tem surgido a partir do desempenho esperado para indústria e serviços”, diz Sampaio ao mencionar a recuperação de segmentos que sofrem nos últimos anos.
“A gente já tem visto os setores de serviços e consumo crescendo mais, isso pode ser explicado pelo mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego, e essa queda tem vindo com a alta dos salários”, acrescenta Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.
Projeção para o PIB: pode continuar subindo?
A economista diz que essas variáveis – emprego e salário – podem ajudar a empurrar as projeções nos próximos meses ainda mais para cima, “uma vez que já foram absorvidas as notícias do agro”.
Ou seja, o avanço substancial da atividade agropecuária já entrou na conta dos economistas. “Precisaria haver uma melhora no componente renda para que o PIB ganhasse mais impulso”, completa Marcela.
E nos próximos anos, como fica?
As expectativas do mercado com relação à atividade econômica para 2024 se mantiveram em 1,5% na última semana, segundo o mesmo Boletim Focus. Já para 2025, a expectativa está em 1,90%, subindo discreto 0,01 ponto percentual em relação à projeção anterior.
“Para os próximos anos, a expectativa mais modesta é, em parte, porque há muita incerteza, e o mercado ainda não tem muita clareza sobre como deve estar o cenário econômico pra os próximos anos”, avalia Sampaio, da FGV.
Por outro lado, as projeções foram revistas para cima nos últimos três anos, com os economistas sendo surpreendidos, lembra Marcela Rocha. Portanto, as projeções ainda podem mudar. “É um debate em aberto, e se a reforma (tributária) for aprovada, ela pode impulsionar a expectativa de crescimento”, diz a economista.
O que pode impactar o PIB daqui em diante?
Marcela concorda que o PIB potencial do Brasil para os próximos anos está entre 1,5% e 2%, e a mudança, para mais ou para menos, depende de elementos como crescimento da população, produtividade, investimento e agenda de reformas.
Além disso, se a inflação retomar seu viés de alta, pode haver um esfriamento das expectativas. Também o cenário externo pode impactar negativamente. “A guerra na Ucrânia e seus desdobramentos trazem algum risco”, diz Sampaio.
Porém, os maiores riscos para uma consolidação da alta do PIB são internas, diz o analista. “Se a gente não conseguir avançar nas reformas, pode haver um choque negativo de expectativa”, diz o analista ao mencionar a reforma tributária e o arcabouço fiscal.