Payroll fraco faz mercado acreditar em corte de 0,5 pp nos EUA já em setembro

Dados abaixo do esperado para o emprego fizeram com que a possibilidade do corte de 0,5 ponto percentual em setembro se tornasse majoritária, de acordo com os futuros dos Fed funds, compilados pelo CME Group

A forte desaceleração na criação de vagas no mercado de trabalho dos EUA em julho e o aumento mais acentuado na taxa de desemprego tornam um corte na taxa de juros em setembro inevitável e aumentarão a especulação de que o Federal Reserve (Fed) dará início ao seu ciclo de flexibilização.

A dúvida está mais se será com um corte de 0,5 ponto percentual ou mesmo um movimento intra-reunião, embora valha a pena notar que a “Regra de Sahm” ainda não foi acionada, diz a Capital Economics, em análise após a divulgação dos dados.

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Os dados fracos do payroll de julho fizeram com que a possibilidade do corte de 0,5 ponto percentual em setembro se tornasse majoritária, de acordo com os futuros dos Fed funds, compilados pelo CME Group. A aposta em uma redução de 0,5 ponto subiu de 22% ontem para 60,5% de chance hoje, enquanto a possibilidade de um corte de 0,25 ponto caiu de 78% para 39,5%.

Atividade industrial já havia criado preocupação

Temores em torno de uma desaceleração mais forte da economia americana começaram a aparecer ontem, com um aumento acima do esperado dos pedidos de seguro-desemprego e os números bem mais fracos do índice de atividade industrial do ISM de julho, que segue no campo de contração. Assim, a criação de postos de trabalho abaixo do esperado em julho e o aumento da taxa de desemprego de 4,1% para 4,3% assustou os mercados e ajudou a provocar uma reprecificação na curva de juros americana nesta sexta-feira.

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“A criação de 114 mil vagas foi muito mais fraca do que a estimativa de consenso e, com base na reação inicial do mercado, [o número foi] mais fraco do que o que os investidores estavam preparados, mesmo após os pedidos iniciais de seguro-desemprego e o ISM pessimistas de ontem”, diz a Capital Economics.

Desaceleração do emprego em todos os setores

A desaceleração foi ampla em todos os setores de serviços, com empregos em serviços privados aumentando em apenas 72 mil, abaixo dos 125 mil em junho, em parte devido a uma queda de 20 mil postos no setor de informação e um modesto declínio de 8.700 no emprego em serviços de ajuda temporária; houve também desacelerações na maioria dos outros setores.

“O choque maior foi o aumento de 0,2% na taxa de desemprego para 4,3%, embora isso tenha ocorrido porque o crescimento da força de trabalho de 420 mil superou a medida de emprego da pesquisa domiciliar, que aumentou em 206 mil [a taxa de participação cresceu de 62,6% para 62,7%]”, diz a Capital.

O aumento menor de 0,2% nos ganhos médios por hora em julho contra junho – que puxou a taxa de crescimento anual para 3,6% – é outro sinal de que as pressões inflacionárias do mercado de trabalho desapareceram rapidamente.

“Em suma, tudo isso faz com que um corte da taxa de juros de setembro pareça certo e aumenta a possibilidade de uma redução maior, de 0,5 ponto percentual, ou mesmo um corte entre reuniões, embora isso provavelmente dependesse de outro aumento acentuado na taxa de desemprego em agosto, antes da reunião do Fed de 17 e 18 de setembro”, conclui a Capital Economics.

O que é a ‘Regra de Sahm’

A chamada “Regra de Sahm” usa um modelo preditivo de recessão que depende de gatilhos acionados. Pelo modelo, quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego supera em 0,5 ponto percentual a taxa mínima de desemprego em 12 meses, aciona-se o gatilho de recessão. O método foi criado por Claudia Sahm, economista do Fed entre 2007 e 2019.

Com informações do Valor Econômico

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