Parlamentares se articulam contra mudança de trabalho aos domingos

Ministério do Trabalho quer que as empresas do comércio obtenham autorização prévia dos sindicatos para funcionamento no dia

Pessoas realizam compras em shopping. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Pessoas realizam compras em shopping. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Com a justificativa de não prejudicar as vendas do comércio no Natal, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) cobrou na terça-feira (21) a aprovação urgente de projeto para sustar imediatamente portaria do Ministério do Trabalho, publicada na semana passada, que revogou a “autorização permanente” de trabalhos aos domingos e feriados no varejo.

Até o início da tarde de ontem, já haviam sido protocolados por deputados de vários partidos 17 Projetos de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar a nova regulamentação. Entre eles, há projetos apresentados por deputados da própria base do governo. O número de propostas é recorde, segundo a FPE.

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A portaria editada pelo Ministério do Trabalho exige que as empresas do comércio obtenham autorização prévia dos sindicatos, por meio de convenção coletiva, e aprovem legislação municipal para operar aos domingos e feriados. O presidente da FPE, deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), disse que não há tempo a perder diante do calendário das festas de fim de ano.

“Matéria esdrúxula”

Parlamentares cobram do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), a votação do projeto até quinta-feira, porque no próximo final de semana a portaria já poderá ter efeito. “Na época do governo Temer, houve uma ampla discussão e isso foi vencido. É uma matéria esdrúxula, um retrocesso”, reclamou o presidente da FPE.

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Passarinho disse inda estranhar o momento da publicação da portaria pelo governo. E alertou que a medida é um contrassenso diante da agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de aumento da arrecadação. “É uma medida que reduz a arrecadação. No final do ano, é quando dá esse impulso maior na economia”, advertiu.

Segundo ele, o número de projetos para derrubar a portaria é recorde e sinaliza a rejeição da medida pelo Congresso Nacional. Na avaliação de Passarinho, o governo publicou a medida para cumprir compromissos de campanha eleitoral . “É acordo de campanha para fazer receita para sindicato”, avaliou o parlamentar. “O governo quer fazer uma medida em resposta a um segmento que o ajudou. Mas é ruim para o próprio governo, que vai deixar de arrecadar.”

Os sindicatos argumentam que sozinhos os trabalhadores não têm voz para debater com as empresas sobre o trabalho aos domingo. E dizem que a medida resgata a “dignidade” dos comerciários.

O primeiro PDL foi apresentado pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE). O deputado disse que não se trata de obrigar as empresas a abrir aos domingos e feriados, mas dar a liberdade de escolha. Segundo ele, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ficou de marcar uma reunião ainda nesta semana para fazer um acordo com as confederações dos trabalhadores.

Alternativa

Uma possibilidade em debate é que a vigência da medida só comece a valer daqui a dois, três meses, e que sejam discutidas as condições de negociação com os sindicatos.

Além de reverter imediatamente os efeitos da portaria do Ministério do Trabalho, a FPE também articula a aprovação de um projeto de lei, de autoria do próprio Passarinho, para proibir o governo de editar medidas que restrinjam atividades econômicas. “É um esforço desesperado de recompor um sindicalismo que não corresponde com o mercado de trabalho do País, que se modernizou”, disse o presidente da frente parlamentar.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo/Estadão Conteúdo

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