Pacote de corte de gastos deixa economistas pessimistas mesmo antes de ser apresentado

Grupo avalia que ajuste preparado pelo governo Lula não deve resolver a questão fiscal

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, durante coletiva. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, durante coletiva. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O anúncio do pacote de corte de gastos que o governo deve apresentar em breve não traz grande otimismo sobre uma solução mais duradoura para as questões fiscais do país no médio e longo prazo.

Neste contexto, na reunião entre economistas de mercado e o Banco Central realizada nesta manhã, a possibilidade de aceleração no ritmo de aperto monetário pelo colegiado voltou a ser debatida entre os presentes, ainda que a larga maioria continue esperando que o ciclo de altas de juros de 0,5 ponto percentual seja mantido.

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A reunião foi realizada na manhã desta quarta-feira por participantes do sétimo grupo da 97ª reunião trimestral entre economistas de mercado e diretores do BC. Ela foi conduzida pelos diretores de política econômica do BC, Diogo Guillen e de organização do sistema financeiro e resolução, Renato Dias Gomes.

Houve algum tipo de divergência sobre qual seria o alcance das medidas de contenção de despesas, com números variando entre R$ 30 e R$ 40 bilhões e, segundo um dos presentes na reunião, o montante de R$ 50 bilhões poderia até trazer algum alívio ao mercado e aos prêmios de risco dos ativos.

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“Mas ninguém está muito animado com a possibilidade do pacote resolver a questão fiscal. Os economistas seguem bastante pessimistas com a perspectiva de estabilização da dívida e a visão predominante é que deve ser um fiscal bem complicado até a eleição de 2026. Até pode ter um efeito de curto prazo, mas não existe uma visão de que o fiscal pode ser melhor daqui para frente”, relatou um dos presentes.

Ciclo de alta da Selic

Segundo uma fonte, os cenários prospectivos para a política monetária dos presentes não pareciam contemplar uma Selic terminal muito alta ao fim do ciclo, com as projeções variando entre os 12,5% e os 13,25%. Isso, em tese, afastou um pouco o debate sobre a aceleração do ritmo de aperto monetário pelo Copom para 0,75 ponto por reunião.

“Em geral, foram poucas as falas sugerindo aceleração do ritmo e deu para entender que a Selic do grupo era, em média, um pouco acima da que está no Focus [12,5%]”, relatou um participante. “Ninguém colocou muito o tema da aceleração na mesa. Até achei que veremos mais desta discussão, mas não foi uma visão consensual e nem da maioria”, diz esta fonte.

A inflação, no entanto, segue sendo um ponto de preocupação entre os economistas, especialmente no curto prazo. Os efeitos da seca e do câmbio mais depreciado foram citados pelos participantes da reunião, mas a inflação de serviços seguiu sendo o fator de maior discussão entre os presentes.

“Parece uma visão bem consensual de que a inflação de serviços pode ser desafiadora no curto prazo. Uma minoria acha que pode desacelerar no ano que vem por conta de uma visão mais branda de atividade, mas a maioria dos economistas acha que serviços devem incomodar mais no curto prazo e devem incomodar no ano que vem”, apontou um dos economistas.

Segundo uma fonte, houve maior divergência de opiniões no debate sobre a atividade econômica. “Parece que tivemos três grupos. Um acha que a atividade está forte e vai continuar forte no curto prazo, pressionando a inflação. Um outro grupo vai na linha oposta, de que a atividade está desacelerando e isso vai gerar uma abertura mais benigna para a inflação no ano que vem. E há ainda um terceiro grupo que acha que a atividade deve seguir forte no curto prazo, mas uma desaceleração deve ganhar corpo no segundo semestre de 2025”, resume.

Com informações do Valor Econômico

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