Os desafios do novo governo Lula na infraestrutura

As áreas de transportes e saneamento básico são apontadas por especialistas como prioritárias

Trecho de ferrovia em Embu-Guaçú, na Grande São Paulo (Foto: Ronaldo de Oliveira/Unsplash)
Trecho de ferrovia em Embu-Guaçú, na Grande São Paulo (Foto: Ronaldo de Oliveira/Unsplash)

Para um governo com pendores desenvolvimentistas, o Brasil oferece muito trabalho em infraestrutura.

Segundo especialistas, as maiores defasagens na área das obras públicas neste momento estão nos setores de transporte e logística e de saneamento básico.

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O investimento nesses setores é mais arriscado para empresas privadas, então a União costuma fazer injeções de capital mais pesadas para estimular obras. “Por exemplo, na malha ferroviária que não foi concedida à inicitiativa provada pelo governo nos últimos 4 anos, além do transporte ferroviário para passageiros e metrô’, diz Roberto Guimarães, diretor de Planejamento e Economia da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base),

Guimarães diz que o próximo governo deve “inserir a infraestrutura dentro de uma estratégia de desenvolvimento, que leve em consideração os rumos da economia mundial, relativamente à transição energética rumo à economia verde, segurança alimentar e a reorganização das cadeias globais de valor”.

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Para esses dois últimos segmentos, o investimento em mais ferrovias para transporte de produtos agropecuários faria grande diferença. Diminuir os custos de transporte de quem está entre os maiores produtores de grãos e proteína do mundo poderia contribuir para reduzir o potencial inflacionário em nívelo global.

A fim de atrair investimentos privados na infraestrutura, o governo terá que jogar em dois campos. O primeiro é assegurar responsabilidade fiscal e estabilidade da economia, sem vacilos para assustar o investidor. O segundo é planejar projetos com “boa rentabilidade e estrutura de funding”, segundo Guimarães.

Portos e aeroportos

Em relação ao governo Bolsonaro, a nova administração petista deve fazer mudanças na área portuária.

O arrendamento de terminais portuários e as concessões de autoridades portuárias, responsáveis por administrar os terminais, avançou bastante nos últimos anos. No início deste ano, foi leiloada pelo governo a concessão da Codesa, autoridade portuária do Espírito Santo, e há estudos para conceder também o porto de Santos, que é o mais movimentado do país. No entanto, a gestão dos terminais é vista como estratégica pelos petistas, e as empresas privadas que atuam no setor estão vivendo a incerteza da continuidade do plano de parcerias com o governo.

Um novo PAC?

Durante a campanha eleitoral, a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, que está fazendo parte da equipe de transição, disse que o plano de Lula para a infraestrutura seria espelhado no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), englobando também o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

(Com reportagem e edição de Denyse Godoy)
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