O que explica uma desvalorização tão rápida do real?

Entenda a disparada na cotação da moeda americana

Os mutual funds investem em ações, títulos de renda fixa, instrumentos de mercado monetário de curto prazo e outros valores mobiliários ou ativos -
Foto: Pixabay
Os mutual funds investem em ações, títulos de renda fixa, instrumentos de mercado monetário de curto prazo e outros valores mobiliários ou ativos - Foto: Pixabay

Desde a sexta-feira da semana retrasada (22), a cotação do real vem sofrendo duramente. Naquele dia, enquanto muitos aproveitavam o feriado prolongado de Tiradentes, o dólar subiu mais de 4%, na maior alta desde março de 2020, voltando aos R$ 4,80. Na segunda-feira, o movimento continuou e, na terça-feira (26), a moeda encostou nos R$ 5,00. Hoje, a moeda americana fechou em R$ 5,07, perto da máxima do dia. Mas o que explica uma desvalorização tão rápida do real?

Para analistas, o movimento dos últimos dias é explicado por dois fatores: Federal Reserve (o Fed, banco central americano) e a China.

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Desde que dados mostraram uma forte alta da inflação dos Estados Unidos, que atingiu o maior nível em 40 anos, agentes do mercado começaram a demonstrar preocupação sobre o futuro da política monetária americana. Isso se exacerbou na semana passada quando o presidente do Fed, Jerome Powell, disse durante evento do Fundo Monetário Internacional (FMI), na quarta-feira, que era favorável a uma aceleração no ritmo do aumento dos juros pela autoridade monetária. No dia seguinte, os principais mercados globais reagiram negativamente aos comentários, refletindo no desempenho do câmbio por aqui.

Somou-se a isso a preocupação com o aumento de casos de covid-19 na China, mais especificamente em Pequim. O mercado passou a temer que o governo chinês imponha novas medidas restritivas na capital, o que prejudicaria a recuperação econômica do país, criando novos gargalos nas linhas de produção e, consequentemente, impactando de forma negativa a economia global.

Em relatório, o banco Wells Fargo destaca que a economia da China “está sob pressão”, em meio ao compromisso das autoridades com a abordagem de covid zero. “Um crescimento mais suave na China contribuirá para um crescimento geral mais lento do PIB global”, aponta o documento, que também menciona o impacto em países emergentes, como o Brasil. “O crescimento global mais lento e uma perspectiva econômica mais incerta na China provavelmente serão, em nossa opinião, outro fator contribuinte para a depreciação cambial dos mercados emergentes.”

Apesar de a maior força do movimento vir do exterior, no plano doméstico, os ventos não são favoráveis. Mesmo com índices de inflação ainda altos, o mercado já espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) encerrará seu ciclo de aumentos da Selic na próxima reunião, nos dias 3 e 4 de maio. Além disso, a aproximação das eleições presidenciais preocupa, já que, tradicionalmente, acaba trazendo mais volatilidade para os mercados.

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“Estamos diante de uma tempestade perfeita”, disse Fernando Bergallo, diretor da FB Capital. Ele vê o dólar acima dos R$ 5, com o movimento de alta perdurando. “Não vejo [o dólar] voltando tão cedo. A gente vai voltar aos patamares de alguns meses atrás, R$ 5,10, R$ 5,20 porque o contexto todo mudou”, disse Bergallo. “Não estamos falando de um ataque especulativo ou de um movimento sem direção, estamos falando de todo um contexto que, naturalmente, traz o dólar para cima.”

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