Nubank deixará de ser listado no Brasil e mudará BDR de Nível 3 para Nível 1

Decisão coloca acionistas diante de três opções. Saiba quais são elas

Sede do Nubank, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Sede do Nubank, em São Paulo (Foto: Divulgação)

O Nubank anunciou que encerrará seu programa de BDR Nível 3 e deixará de ser uma companhia listada no Brasil. O banco migrará para um BDR Nível 1, que não exige que a companhia seja listada aqui, ou seja, ele não terá de seguir as normas da CVM, mas os novos recibos continuarão sendo negociados na B3.

Quando realizou seu IPO, em dezembro, o Nubank alardeou a dupla listagem – no Brasil e nos EUA – e reforçou que todo o trabalho refletia a importância dada aos investidores brasileiros. O modelo foi necessário para que o banco pudesse criar seu programa NuSócios, que deu um BDR para cada cliente que se cadastrou, beneficiando 7,558 milhões de pessoas.

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Pelas regras, o BDR Nível 1 só pode ser detido por investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investidos) ou por investidores de varejo se a companhia for listada há mais de 12 meses em uma bolsa reconhecida pela B3. Assim, a efetiva conversão dos recebidos do Nubank de Nível 3 para Nível 1 só deve ocorrer após 9 de dezembro, para se encaixar nessa segunda regra e permitir que os investidores de varejo continuem detendo o papel.

“A proposta para a descontinuidade do programa de BDRs Nível III tem como objetivo maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição. A administração da companhia afirma que a presente deliberação não afeta o compromisso de longo prazo do Grupo Nubank com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais brasileiro”, diz o banco. “Trabalhar com mais eficiência nos ajuda a manter sempre o foco nos clientes, em todos os países em que atuamos”, acrescenta.

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“O Nubank visa maximizar a eficiência e a escalabilidade, reduzindo cargas de trabalho duplicadas desnecessárias em requisitos regulatórios, que consomem recursos consideráveis. Nosso foco é melhorar processos, produtividade e escalabilidade para entregar crescimento e valor para todos os nossos stakeholders”, disse em nota Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank no Brasil.

Acionistas terão três opções

Na prática, os atuais acionitas terão três opções. Vender seus BDRs Nível 3; trocá-los por ações do Nubank listadas na Bolsa de Nova York (Nyse) – cada BDR representa um sexto de uma ação classe A; ou trocá-los pelo novo BDR Nível 1. Para trocar pelas ações listadas no mercado americano, o investidor deverá deter quantidades de BDRs Nível 3 suficientes, ou seja, igual ou acima de seis, e uma conta ativa em uma corretora nos EUA.

Após a aprovação da B3 da descontinuidade dos BDRs Nível 3, haverá um período de 30 dias para o investidor decidir o que fará. Os detalhes ainda não estão finalizados. O Nubank pretende criar um processo de venda facilitado (“sale facility”), que precisa de aprovação da CVM e da B3. “Todos esses passos estarão no app do Nu ao longo dos próximos meses”, segundo a companhia. É a primeira vez na história que uma companhia migra de um BDR Nível 3 para o Nível 1.

“Este é um cenário bastante comum: grandes empresas de tecnologia globais (como Facebook, Tesla e Google) já são negociadas na bolsa brasileira por meio de BDR I sem serem listadas no país”, diz o Nubank em um arquivo de perguntas e respostas que deve ser divulgado aos investidores.

O banco reforça ainda que as ações continuarão a ser listadas na bolsa de Nova York. “Isso significa que o Nubank continua sob a supervisão rigorosa da Securities and Exchange Commission (SEC), a entidade reguladora do mercado norte-americano”. O Nubank diz que vai traduzir para o português os principais documentos enviados à SEC, incluindo seus resultados. Ainda assim, por não ser mais listado no Brasil, não precisará mais obedecer uma série de regras de CVM.

Período de restrição

O “pedacinho” do Nubank oferecido aos NuSócios no IPO já tinha um período de restrição (lock-up) de um ano. Ou seja, somente depois desse período eles poderiam vendê-lo, ou seguir como investidores. “Conseguimos criar uma das maiores iniciativas de inclusão financeira da história do Brasil. Mais de 7,5 milhões de pessoas se tornaram investidores do mercado de ações. No ano passado, nosso plano nos desafiou a superar as complexidades de engenharia, financeiras e legais de uma listagem dupla, mas valeu a pena incluir nossos clientes na linha de partida do nosso ambicioso plano de longo prazo”, acrescenta Junqueira.

A expectativa é que não haja mudança significativa na liquidez dos BDRs ao migrá-los do Nível 3 para o Nível 1. Os recibos são bem menos negociados que as ações originais, nos EUA. As ações do Nubank foram precificadas a US$ 9. Hoje, encerram o pregão cotadas a US$ 5,51, uma desvalorização de 38,8%.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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