Conheça o fenômeno global que volta a colocar países emergentes no alvo dos investidores estrangeiros
Saiba como o "nearshoring" pode beneficiar países como Brasil e México
Já falamos de globalização há algumas boas décadas, mas nos últimos dois anos todos os conceitos precisaram ser revistos. A pandemia impactou bruscamente a logística no mundo.
Víamos antes que os países mais desenvolvidos, em especial os EUA, migraram sua produção (especialmente quando falamos da indústria de tecnologia) para locais onde a mão de obra fosse mais barata, especialmente para a Ásia. Isto permitiu a redução dos custos de produção.
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Porém, acompanhamos uma série de interrupções na cadeia de suprimentos em todo o mundo desde que a covid-19 surgiu, e isso levantou o debate sobre novas formas de operacionalizar a produção. Além deste evento que, de fato, era imprevisível, tivemos a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O mercado precisou se adaptar. Em dado momento, a falta de chips foi emblemática. Os portos se fecharam. Os navios não puderam ir da Ásia para costa oeste americana. Então, para tentar driblar os efeitos de portos fechados e frete de navios consequentemente caros, as empresas passaram a considerar um novo modelo de estocagem.
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Começou-se a se pensar em aumentar os estoques para evitar que a indústria fosse pega de surpresa. Isto é, uma economia no “velho normal” tinha acesso imediato aos insumos necessários. Estávamos em um cenário sem guerra na Ucrânia e sem restrições por covid – época em que era possível lidar com o estoque “just in time”. Pediu, chegou. Havia previsibilidade dos insumos importados.
A partir da dificuldade, vimos a migração para a estocagem “just in case” – em bom português: “vai que?”. Ter insumos guardados em caso de falta. Isso gera mais custos de antecipação e armazenamento, mas evita preocupações.
Soma-se a isso uma inflação mundial, que levou os Bancos Centrais a elevarem as taxas de juros.
Migração de capital
Uma economia forte, como a norte-americana, oferecendo remuneração mais agressiva aos títulos públicos considerados livres de risco (pelo fato de a economia dos EUA não oferecer os mesmos riscos que os de um mercado emergente), é natural que haja uma migração do capital.
Uma realocação dos recursos, saindo de países subdesenvolvidos (onde o risco país é maior) em direção aos juros maiores e menor risco.
Para contrabalancear, os países emergentes precisarão manter os juros mais altos ainda – de forma a oferecer um prêmio de risco, que faça valer a pena investir por aqui.
Porém, existe uma oportunidade para os países como México e Brasil, em função da proximidade geográfica.
Nearshoring e América Latina
O desafio, causado pela guerra e pela covid, provocou uma tendência de empresas que decidiram levar sua produção de volta para os Estados Unidos ou para mais perto da costa americana. Leia-se: América Latina.
Trata-se de uma grande oportunidade para os países emergentes, por contarem com um estímulo externo das atividades.
Na área de logística, isto ganhou o nome de “reshoring” quando falamos de levar as operações de volta para os EUA; e “nearshoring” quando a produção é levada para mais perto, nos países vizinhos.