Milei começa bem, mas tem câmbio e inflação para contornar, avalia economista-chefe do Itaú

Presidente da Argentina completa um ano no cargo fazendo o que dele se esperava, mas Mario Mesquita mostra os desafios que devem surgir

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, colocou uma espécie de freio de arrumação na onda de euforia em torno do primeiro ano de Javier Milei à frente da Argentina. Assim, a análise de Mesquita à Inteligência Financeira é de que o presidente daquele país está indo bem, mas enfrentará desafios importantes pela frente.

Dessa forma, para o economista-chefe do Itaú, a Argentina usa a taxa de câmbio para reduzir a inflação desde que Milei assumiu a presidência. De lá para cá, o mandatário tabelou a depreciação do peso, em relação ao dólar, em 2% ao mês. Ao citar essa política, Mesquita lembra que muitas vezes a inflação argentina fica acima desse patamar.

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“Ou seja, você tem uma moeda exageradamente forte. A Argentina estava barata por um tempo, agora está caríssima. Mas a Argentina não tem reservas. Tem reservas externas, líquidas, negativas ou próximas de zero. Eu comparo com o Brasil. A gente tem um volume de centenas de bilhões de dólares”, analisa o economista. Em seguida, ele complementa o raciocínio. “A Argentina tem zero, então ela precisa, em algum momento, voltar a ajustar a taxa de câmbio, que terá consequências inflacionárias.

O dado de inflação ao consumidor mais recente mostra variação mensal de 2,4% em novembro. A variação acumulada chegava no mesmo mês em 112%. Os dados foram divulgados mais cedo em dezembro e são os mais recentes à disposição.

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Argentina: o segundo desafio de Milei

Então, Mario Mesquita prossegue seu raciocínio mostrando que a Argentina ainda não recompôs integralmente os preços dos serviços públicos, como por exemplo o quanto a população paga pela energia. Esses preços, na visão do economista, estavam bem defasados. “Agora tem esse desafio do câmbio e dos preços de serviços públicos. E esse desafio precisa ser corrigido”, afirmou.

Assim, nessa correção poderá haver impacto inflacionário. E Mario vai buscar um termo – inflação corretiva – para finalizar sua análise. “Então, a Argentina vive, viveu e agora provavelmente vai viver de novo o que se chamava antigamente de inflação corretiva. Quando você controla preços e depois tem que soltar, a inflação sobe num primeiro momento, o que tende a ser politicamente impactante”.

A maratona de Milei está só começando.

Assim, Mario cita também o trabalho de recuperação de credibilidade da economia argentina perante a comunidade internacional. Isso é palpável. Tanto que recentemente, David Beker, chefe de economia do Bank Of America no Brasil, afirmou que é a Argentina, e não o nosso País, o mercado preferido no momento para investidores dentro da América Latina.

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