No fiscal, Barclays vê dificuldade de compensar isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

Para banco inglês, isenção de Imposto de Renda é dor de cabeça

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A trajetória fiscal expansionista do Brasil e a falta de compensação de uma medida de isenção de Imposto de Renda deve pressionar a Selic em 2025 e levar a dívida bruta do país a atingir 81% do PIB em 2025. O argumento e projeções são do time de economistas de mercados emergentes do banco britânico Barclays. A equipe estima inflação terminal de 4% para o ano que vem, acima do centro da meta do Banco Central.

Para o banco inglês, ainda, o pacote fiscal de 2024 não deve aliviar o orçamento do governo em 2025. Isso porque a Barclays vê um componente mais sazonal nas medidas a serem anunciadas pelo ministério da Fazenda e o chefe da pasta, Fernando Haddad. Assim, elas “não causariam alívio para 2025”.

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Isenção de Imposto de Renda é ‘dor de cabeça’, diz Barclays

O governo federal deve enfrentar ainda mais dificuldades para cumprir com a meta fiscal em 2025, avalia o Barclays. O arcabouço fiscal elaborado pela equipe do ministério da Fazenda, Fernando Haddad, prevê déficit zero, o equivalente a -0,25% do PIB para 2024 e 2025.

Mesmo assim, a equipe econômica do banco vê poucas medidas para cortar despesas primárias com efeitos de médio a longo prazo. Não há iniciativas no momento, por exemplo, para compensar a isenção de Imposto de Renda para famílias com renda mensal de até R$ 5 mil.

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A medida de aumento na faixa de isenção salarial é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Nos parece provável que compensar o custo de isenção do Imposto de Renda sobre salários deve criar dor de cabeça política”, comenta a equipe liderada por Roberto Secemsky, economista para o Brasil da instituição financeira.

“As soluções encontradas para 2024 são, essencialmente, sazonais e não aliviam a situação para 2025.”

Dívida bruta mais alta em relação ao PIB

O banco, contudo, frisa que o déficit primário do Brasil em 2024 deve chegar próximo ao teto da meta da Fazenda, considerando a exclusão de despesas com emergências climáticas. Por exemplo, enchentes no Rio Grande do Sul ou queimadas.

Por outro lado, a alta da Selic em 2025 deve continuar pressionando o déficit nominal do Brasil, ou seja, a soma de despesas e receitas considerando o pagamento de juros. Sem alternativa para compensar medidas como a isenção de Imposto de Renda, a trajetória fiscal deve pressionar o BC a subir a Selic para 12,75%. O que seria o ápice do ciclo de alta.

Isso levaria a dívida pública do Brasil a crescer de 74% em 2023 para 78% do PIB ao final de 2024. Ou o equivalente a cerca de R$ 8,9 trilhões. Em setembro, a dívida bruta registrou queda mensal de 0,2 pontos percentuais do PIB, a 78,3%.

Barclays vê real desvalorizado contra dólar em 2025

Por outro lado, nota, existe um assimetria negativa para o câmbio em 2025. O Barclays prevê estabilização do real contra o dólar no curto prazo. No longo, o cenário é de desvalorização, principalmente em comparação com outras moedas de países latino-americanos.

“No curto prazo, o anúncio de pacote fiscal pode ajudar a estabilizar o câmbio.”

Assim, o Barclays nota que “não se convenceu” de que o pacote de ajuste fiscal deve ser suficiente para aliviar o mercado, além de não compensar a isenção de Imposto de Renda prevista para 2025. O resultado é um câmbio volátil.

Ao notar que a alta da Selic favorece carry trades e eles podem beneficiar o valor do real contra o dólar, o banco britânico também cita um risco para o real. O cenário de inflação alta nos Estados Unidos sob um novo mandato do presidente eleito Donald Trump prejudica o valor da moeda brasileira.

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