Mercado imobiliário da China está em depressão grave, diz gigante do setor

Mais de 30 empresas imobiliárias chinesas, incluindo China Evergrande Group e Sunac China, já deram calote em suas dívidas internacionais

Rio Huangpu, no distrito de Pudong, em Xangai, na China. Foto: Pixabay
Rio Huangpu, no distrito de Pudong, em Xangai, na China. Foto: Pixabay

Uma das maiores incorporadoras da China, a Country Garden Holdings disse que o mercado imobiliário do país está em uma depressão grave, usando a linguagem mais forte até agora para descrever a recessão de um ano e os prejuízos financeiros que causou.

A empresa, que por anos foi classificada como a maior incorporadora imobiliária da China por vendas contratadas, reportou queda de 96% no lucro do primeiro semestre depois de vender um terço a menos de casas do que há um ano.

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A empresa sediada em Guangdong disse que o mercado tem lutado com expectativas enfraquecidas, demanda lenta e declínios nos preços dos imóveis. “Tudo isso exerce uma pressão crescente sobre todos os participantes do mercado imobiliário, que entrou rapidamente em grave depressão”, disse. A empresa acrescentou que o ressurgimento da covid-19 em cidades da China também desacelerou a atividade de construção e pesou em seu desempenho.

A Country Garden obteve um pequeno lucro equivalente a US$ 89 milhões, contra US$ 2,2 bilhões nos primeiros seis meses de 2021. A empresa há muito é considerada uma das incorporadoras financeiramente mais fortes da China, mas, como muitos de seus pares, tem lutado para superar uma crise de confiança que fez com que compradores de imóveis e investidores se afastassem do mercado imobiliário chinês.

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Suas ações e os preços dos títulos em dólar despencaram este ano, apesar das repetidas tentativas da Country Garden de convencer o mercado de que pode resistir à crise. A empresa esteve recentemente entre algumas incorporadoras escolhidas para vender títulos domésticos garantidos pelo governo sob um novo programa piloto.

Mais de 30 empresas imobiliárias chinesas, incluindo China Evergrande Group e Sunac China, já deram calote em suas dívidas internacionais. Muitas incroporadoras privadas este mês emitiram alertas de redução de lucro; alguns disseram que estão esperando queda de mais de 90% no lucro líquido, e alguns esperam registrar prejuízo.

A Midea Real Estate Holding, outra incorporadora chinesa, relatou na semana passada uma queda de 29% no lucro líquido e disse que a desaceleração imobiliária no primeiro semestre ocorreu em meio a “mudanças profundas não vistas em um século” e à persistente pandemia de covid-19. “O mercado imobiliário está passando por um processo de reorganização cruel e drástico”, disse a empresa com sede em Guangdong, acrescentando que iria “avançar de maneira difícil.”

A Country Garden soou otimista para o futuro. A empresa disse que a economia da China é resiliente, permanece posicionada para o crescimento de longo prazo e a urbanização do país ainda está em andamento. “O setor imobiliário sempre existirá”, acrescentou a empresa.

O presidente da companhia, Mo Bin, pediu desculpas aos investidores pela queda acentuada no lucro durante uma teleconferência de resultados. Ele disse que a empresa continuará ajustando suas estratégias e se concentrará em manter um equilíbrio entre seu fluxo de caixa, ativos e dívidas e lucros. O mercado imobiliário chinês voltará a um estágio de desenvolvimento saudável até o próximo mês de junho, previu.

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