Mercado de trabalho deve manter desaceleração à frente, dizem economistas

Novo Caged decepciona economistas e bancos, e sinaliza desaceleração na criação de novos empregos

Caged mostra recúo no nível de empregos e é destaque desta terça (Foto: Roberto Moreyra / Agencia O Globo)
Caged mostra recúo no nível de empregos e é destaque desta terça (Foto: Roberto Moreyra / Agencia O Globo)

A criação líquida de empregos formais em outubro veio abaixo do esperado e a expectativa é de que a desaceleração se mantenha para os próximos meses, dizem economistas.

Os dados oficiais do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na manhã de hoje pelo Ministério do Trabalho e Previdência mostraram criação líquida de 159,4 mil postos com carteira assinada.

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Na XP, a expectativa era de saldo positivo de 210 mil vagas em outubro, indica boletim do economista Rodolfo Margato. Pelas estimativas dessazonalizadas da corretora, a geração líquida de empregos desacelerou acentuadamente de 176 mil em setembro para 127 mil em outubro.

A média móvel trimestral passou de saldo de 179 mil empregos em setembro para 160 mil empregos em outubro, enquanto o saldo acumulado em 12 meses atingiu 2,340 milhões (de 2,435 milhões na leitura precedente).

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Entre outubro, houve uma diminuição de 57,34% na criação de novos postos de empregos em relação a setembro, quando o Caged registrou 278.085 novas vagas criadas.

Considerando ainda a série com ajuste sazonal, as admissões totais despencaram 4% entre setembro e outubro, após crescimento mensal médio de 0,7% entre janeiro e setembro. Com isso, destaca Margato, as contratações ficaram praticamente no mesmo nível registrado de dezembro de 2021. Em setembro, as admissões estavam cerca de 4% acima, diz.

Queda puxado por construção civil e comércio

A piora nas contratações mostrou perfil disseminado entre os setores, com construção civil e comércio registrando as quedas mais acentuadas no mês.

O total de desligamentos recuou 1,6% em outubro ante setembro, o que evitou uma desaceleração ainda mais expressiva do saldo de empregos, aponta o economista.

A expectativa, diz Margato, é que o mercado de trabalho formal continuará desacelerando gradualmente nos próximos meses. A XP projeta que o saldo do emprego formal deve totalizar 2,15 milhões em 2022 e 1,10 milhão em 2023.

‘Resultado ainda indica mercado superaquecido’

Gabriel Couto, economista do Santander, destaca que com o resultado do Caged divulgado hoje, a geração líquida de empregos acumulada em 12 meses chegou a 2,3 milhões (ajustada pelas declarações pós-prazo), ante 2,433 milhões em setembro. À medida que os meses de maior geração de empregos devido à recuperação pós-pandemia estão saindo da base, o acumulado em 12 meses mostra uma lenta tendência de desaceleração nos últimos trimestres, ressalta em boletim divulgado pelo banco hoje.

“Os resultados de outubro ainda são compatíveis com um mercado de trabalho forte e provavelmente superaquecido” diz o economista. Na margem, os resultados indicam desaceleração adicional, já que a distância para o patamar neutro de desemprego está no menor nível desde julho de 2020.

Isso, diz, é compatível com a trajetória de estabilidade da taxa de desemprego nos últimos meses. “Esperamos mais desaceleração na geração de empregos à frente, especialmente considerando os efeitos prolongados de uma postura mais rígida da política monetária.”

O Santander projetava saldo líquido de 244 mil empregos com carteira assinada em outubro.

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