Mansueto Almeida, do BTG: Auxílio fora do teto ‘vai assustar muitos investidores e não vai ajudar a reduzir pobreza’

Economista-chefe do banco projeta um crescimento acelerado da dívida pública

O ex-secretário do Tesouro Nacional Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O ex-secretário do Tesouro Nacional Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Tirar o Auxílio Brasil/Bolsa Família do teto de gastos pelos próximos quatro anos fará a dívida pública crescer entre três a quatro vezes o que cresceu nos últimos quatro anos, aponta Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. “Isso vai assustar muitos investidores e não vai ajudar na redução da pobreza”, diz ele em comentário em uma rede social.

Segundo Almeida, “o problema não é R$ 600 do Auxílio Brasil/Bolsa Família que todos entendem como necessário”. Isso representaria, no entanto, R$ 50 bilhões a mais fora do teto, e não os R$ 175 bilhões em discussão, observa o economista.

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“Se começarmos um novo governo com um déficit primário do setor público de R$ 200 bilhões (2% do PIB), será muito difícil em quatro anos conseguir terminar governo com superávit primário de 2% do PIB necessário para estabilizar dívida como proporção do PIB”, diz Almeida.

Isso pode mudar, segundo ele, ser houver aumento de carga tributária, “o que não é bom”, afirma.

“Mas se a decisão for retirar do teto do gasto toda a despesa com o Bolsa Família/Auxílio Brasil e aumentar despesa no próximo ano em R$ 175 bilhões por quatro anos, sem definir a fonte de recursos (financiamento) do programa, a dívida pública passará a crescer em um ritmo muito forte”, aponta.

Dívida pública crescendo em ritmo forte, por sua vez, aumenta a taxa de juros e pode levar a uma revisão da nota de risco soberano do Brasil pelas agências de classificação de risco, indica Almeida. “Isso não seria nada bom”, afirma.

“Decisão de arrecadação e despesa são decisões políticas. Mas, se quisermos gastar mais, teremos que debater como pagar a conta, apesar da carga tributária já elevada no Brasil de 34% do PIB”, diz.

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