Maior chance de recessão torna mercados menos tolerantes a alta de juros, diz IIF
Economia global pode estar à beira da recessão, acreditam os analistas Instituto de Finanças Internacionais
O aumento da probabilidade de uma recessão econômica global tem repercussões importantes para a psicologia dos investidores e torna os mercados menos tolerantes ao que agora consideram uma normalização injustificada da política monetária, na avaliação do Instituto de Finanças Internacionais (IIF).
Em relatório assinado pelos economistas Robin Brooks e Jonathan Fortun e pelo analista Jack Pingle, o IIF aponta um cenário de crescimento global estagnado, ao projetar expansão de 2,2% neste ano.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
“A economia global está, portanto, à beira da recessão, com a atividade puxada por uma confluência de choques: guerra na Ucrânia, que está puxando a zona do euro para uma recessão; bloqueio de covid na China que nos fazem esperar um crescimento muito abaixo do consenso; e um Fed ‘hawkish’, que provocou um rápido aperto nas condições financeiras dos EUA, que está prestes a se tornar desordenado”, dizem os profissionais.
O IIF lembra que, no passado, a incerteza elevada e o crescente risco de recessão “tiveram efeitos importantes na psicologia dos investidores”, o que tornou os mercados menos tolerantes ao aperto da política monetária.
Últimas em Economia
“O fim abrupto do último ciclo de alta de juros do Fed em dezembro de 2018 é uma boa ilustração. A escalada da guerra comercial fez com que os mercados sentissem que os aumentos de juros do Fed não eram mais necessários”, apontam os profissionais do IIF.
Para eles, o risco de um estresse semelhante no mercado de juros está aumentando novamente, “à medida que os mercados se preocupam com a recessão global”. Esse movimento coincide, na avaliação do IIF, com uma deterioração “notável” da liquidez nos principais mercados de títulos públicos.
“Os índices de liquidez vêm apontando para uma deterioração constante desde meados do ano passado, especialmente para países da periferia da zona do euro, como Itália e Espanha. Isso complementa o sinal dos spreads europeus, que aumentam à medida que os mercados se tornam mais avessos a risco.”
O IIF, assim, aponta que, no geral, a mudança na psicologia do mercado indica que a probabilidade de um ‘tantrum’ nos mercados aumentou.
“O Fed e o Banco Central Europeu (BCE), portanto, precisam prosseguir com grande cautela em seu desejo de normalizar a política. Melhor fazer uma pausa do que retroceder, uma vez que a inflação alta aumenta o custo para a credibilidade de uma reversão da política dos bancos centrais”, dizem Brooks, Fortun e Pingle.