Índice aponta Copom ‘longe de avaliação a favor de redução dos juros’

Ferramenta da LCA Consultores avalia as informações do comunicado do Copom, para identificar o chamado tom emocional da mensagem

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, presta informações no Senado sobre a taxa básica de juros (Selic) atualmente em 13,75% ao ano. Foto: Pedro França/Agência Senado
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, presta informações no Senado sobre a taxa básica de juros (Selic) atualmente em 13,75% ao ano. Foto: Pedro França/Agência Senado

Um novo indicador de sentimento para os comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou forte recuo entre março e maio, ao passar de 90,5 pontos para 38,1 pontos, respectivamente. O índice, desenvolvido pela LCA Consultores, varia entre -100 a + 100 e foi divulgado pela primeira vez nesta reunião do Copom.

Quanto mais próximo do piso, mais dovish é a postura do Banco Central, ou seja, mais favorável à redução de juros. Por outro lado, quanto mais perto do limite do índice, maior é o tom hawkish, favorável ao aumento dos juros.

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A mudança de nível do índice entre o comunicado de fevereiro e o de agora aponta para essa leitura de um Copom com redução do tom hawkish, menos disposto a aumentar juros, mas ainda longe de uma avaliação a favor de redução dos juros.

Inspirado em um indicador criado para avaliar os comunicados do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o índice da LCA foi desenvolvido com ajuda de um modelo de inteligência artificial, que consegue avaliar as informações do comunicado do Copom, para identificar o chamado tom emocional da mensagem.

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Para isso, usa uma base de quatro dicionários com palavras-chave relacionadas às posturas “hawkish” e “dovish”. A partir dessa análise do conteúdo dos comunicados, atribui uma pontuação para cada sentença de texto com classificação entre hawkish, neutro ou dovish.

“Geralmente, o mercado financeiro faz essa análise mais em cima de expectativas. E esse indicador tenta dar uma abordagem mais quantitativa para as análises de Copom”, afirma o economista Bruno Imaizumi, responsável pelo índice.

Na construção do índice, ainda em estágio de desenvolvimento, o economista remontou os cálculos até a gestão de Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central, entre 2016 e 2019. Na análise dessa série histórica, Imaizumi ressalta que o indicador tem mostrado certa compatibilidade com a evolução da taxa de juros básica da economia, a Selic.

Os próximos passos para o aprimoramento do índice, segundo ele, serão atualizar o conjunto de palavras selecionadas para os quatro dicionários e aplicar a análise de sentimento para as atas do Copom, estendendo também para documentos das gestões anteriores do Banco Central, como Alexandre Tombini, Henrique Meirelles e Armínio Fraga.

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