Lara Resende: ‘Combinação de juros e impostos altos é recessiva’
A atual taxa Selic tem sido alvo de críticas do presidente Lula e integrantes do governo petista
O economista André Lara Resende voltou a criticar, nesta segunda-feira, a taxa de juros praticada no Brasil em relação às demais economias do mundo. No seminário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que discute estratégias para o desenvolvimento sustentável, Resende afirmou que a soma de juros altos e impostos elevados são entraves ao crescimento econômico.
“A combinação de juros muito altos e impostos muito altos é uma combinação profundamente recessiva e impede o crescimento da economia”, disse.
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Há divisão entre economistas de diferentes correntes e empresários no país sobre a capacidade do Banco Central de reduzir as taxas de juros, que pela Selic estão atualmente em 13,75% ao ano. A situação fiscal do país é um desses fatores que restringem a redução de juros, além da pressão da inflação.
A taxa estabelecida pelo Banco Central tem sido atacada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes do governo petista. Para Lara Resende, a fórmula correta é ter os juros abaixo do crescimento “Mas nós fazemos o contrário, o Banco Central põe os juros na lua”, criticou.
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O economista disse ainda que o Brasil não cresceu o que se esperava desde a criação do Plano Real, que controlou a inflação crônica dos anos 1980, e afirmou que o país continua estagnado aquém do seu potencial.
“Depois do Plano Real, imaginávamos que o Brasil voltaria a crescer no seu potencial, mas não foi o que aconteceu. O Brasil cresceu abaixo do potencial e continua relativamente estagnado”, disse.
O economista criticou ainda o baixo investimento público na economia. Segundo ele, enquanto países asiáticos investem 30% do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil investe cerca de 17%.
“O investimento público colapsou em função da bem intencionada [ideia] de conter as despesas públicas. Sem investimento, não há crescimento”, afirmou.
André Lara Resende participa de um painel para discutir a necessidade de coordenação de políticas públicas com o economista e Nobel de Economia Joseph Stiglitz, da Columbia University, e James Galbraith, da Lyndon B. Johnson School of Public Affair.