Juros futuros têm queda firme sem o anúncio de tarifas após posse de Trump
Os juros futuros encerraram o pregão desta segunda-feira (20) em forte queda, provocada por um alívio global após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não anunciar medidas tarifárias no seu primeiro dia de governo. A ausência de tarifas, antecipada já de manhã pela imprensa americana, fez com que o mercado reduzisse a chance de […]
Os juros futuros encerraram o pregão desta segunda-feira (20) em forte queda, provocada por um alívio global após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não anunciar medidas tarifárias no seu primeiro dia de governo. A ausência de tarifas, antecipada já de manhã pela imprensa americana, fez com que o mercado reduzisse a chance de uma postura mais agressiva de Trump no início do mandato, levando a uma retirada relevante do prêmio de risco precificado na curva a termo.
Assim, ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 teve queda de 14,975%, do ajuste anterior, a 14,925%; a do DI de janeiro de 2027 cedeu de 15,235% para 15,13%; a do DI de janeiro de 2029 recuou de 15,17% a 15,015%; e a do DI de janeiro de 2031 anotou baixa de 15,155% para 15,03%.
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Vale ressaltar, ainda, que o dia de hoje foi de liquidez baixa por conta do feriado do Dia de Martin Luther King Jr. nos Estados Unidos, que manteve os mercados americanos fechados. O baixo volume de negociações pode ter ampliado a volatilidade e, portanto, o movimento da curva de juros futuros.
Logo pela manhã, as taxas já exibiam alívio diante de notícia veiculada pelo “The Wall Street Journal” que afirmava que as medidas tarifárias não seriam anunciadas já no dia da posse de Trump. Com a confirmação de que as decisões sobre comércio exterior ficariam para outro momento, o mercado brasileiro ampliou a tendência positiva, e os juros futuros de médio e longo prazos se firmaram em queda de mais de 10 pontos-base (ou 0,1 ponto percentual).
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Segundo Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG, uma adoção mais lenta das tarifas comerciais pelo novo governo Trump tirou um pouco do risco de uma postura mais agressiva no início do mandato, em um contexto em que muitos investidores estavam carregados em posturas mais defensivas, como apostas favoráveis ao dólar.
“Há a sensação de que não vai ser um movimento abrupto logo no início do mandato. Significa que ele (Trump) está desistindo? Não. Vai ter algum tipo de estrutura de arrecadação de tarifas, mas talvez um pouco mais para frente”, diz Fenolio.
Ainda que mais paulatinamente, a imposição de tarifas comerciais, junto de outras políticas como a deportação de imigrantes ilegais em massa, tende a gerar dois choques de oferta que serão inflacionários, com algum impacto negativo sobre o crescimento da economia americana, projeta o economista-chefe da WHG. Para o Brasil, a tendência é que o conjunto de políticas de Trump “complique” um quadro doméstico já desafiador.
“Torna a barra mais alta para que a política econômica nacional seja consistente. Os nossos desequilíbrios ficam mais gritantes à medida que o cenário internacional fica mais desafiador”, diz Fenolio.
Hoje, o relatório Focus mostrou uma nova rodada de deterioração das expectativas de inflação do mercado. Agora, o cenário-base aponta para um IPCA de 5,08% e 4,10% em 2025 e 2026, de 5,0% e 4,05%, respectivamente. A piora da perspectiva de preços ocorre mesmo diante da projeção de juros mais elevados nos próximos anos: segundo o Focus, a mediana do mercado para a Selic em 2026 passou de 12% para 12,25%, e a de 2025 permaneceu em 15%.
A equipe de economistas do Itaú, liderada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, atualizou o seu cenário, que passou a prever uma Selic de 15,75% no fim do atual ciclo de aperto monetário, de 15% da previsão anterior.
“Por um lado, a política monetária mais restritiva deve impactar a economia com mais força a partir do segundo trimestre de 2025. Por outro, a dinâmica do real e das expectativas de inflação serão cruciais para determinar o tamanho do ciclo. Caso haja nova rodada de depreciação da moeda e/ou deterioração adicional das expectativas, não é possível descartar uma extensão do ciclo e eventualmente, uma postergação dos cortes em 2026”, avaliam os economistas do Itaú em relatório.
*Com informações do Valor Econômico