Juros futuros sobem após dados fortes nos EUA e leilões
Os juros futuros sobem ao longo de toda a extensão da curva a termo na tarde desta terça-feira. Após uma abertura positiva, as taxas ficaram pressionadas por dados mais fortes que o esperado nos Estados Unidos e os persistentes temores do mercado quanto à trajetória da política fiscal, em meio à possibilidade de emissão de […]
Os juros futuros sobem ao longo de toda a extensão da curva a termo na tarde desta terça-feira. Após uma abertura positiva, as taxas ficaram pressionadas por dados mais fortes que o esperado nos Estados Unidos e os persistentes temores do mercado quanto à trajetória da política fiscal, em meio à possibilidade de emissão de crédito extraordinário para combater a onda de queimadas pelo Brasil.
O ambiente piorou ainda mais depois dos leilões de NTN-B e LFT realizados pelo Tesouro Nacional no fim da manhã. A oferta de NTN-B não foi totalmente aceita e mostrou o mercado exigindo prêmios mais elevados para carregar títulos de maior prazo, o que ajudou a pressionar os vértices longos da curva de juros.
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Nesse contexto, por volta de 13h15, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento de janeiro de 2025 subia de 10,96%, do ajuste da véspera, para 10,975%; na mesma comparação, a taxa do DI de janeiro de 2026 avançava de 11,835% a 11,885%; a do DI de janeiro de 2027 aumentava de 11,86% a 11,91%; e a do DI de janeiro de 2029 tinha forte alta de 11,96% a 12,035%.
O gatilho para que os juros deixassem o campo negativo durante a manhã foi o movimento dos Treasuries americanos, que responderam a números mais fortes de vendas no varejo e produção industrial em agosto. A resiliência da economia dos Estados Unidos sugere um ciclo de cortes de juros mais brando do Federal Reserve (Fed).
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Após os dados, no horário citado, a taxa da T-note de dois anos exibia avanço de 3,561% a 3,611%, e a do papel de dez anos subia de 3,623% a 3,645%.
Vale lembrar que a divulgação dos dados fortes do varejo e da indústria nos Estados Unidos ocorre na véspera da decisão de juros do Fed. Os diretores do comitê do banco central americano ainda enfrentam dúvidas quanto ao ritmo do corte a ser divulgado amanhã, com argumentos a favor de uma redução mais contida, de 0,25 ponto percentual, ou mais agressiva, de 0,5 ponto.
Hoje, os investidores precificam chance maior, ao redor de 60%, de que o Fed corte os juros em 0,5 ponto, para a faixa de 4,75% a 5,0%, conforme o levantamento do CME Group. Os cerca de 40% restantes indicam corte de 0,25 ponto.
Por aqui, além do mau humor dos agentes financeiros com a perspectiva fiscal e a cautela antes da decisão de juros de amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom), pesam ainda os resultados dos leilões realizados pelo Tesouro, em especial a oferta de NTN-B, título cujo rendimento está atrelado à inflação medida pelo IPCA.
O Tesouro não vendeu toda a oferta de 150 mil NTN-B com vencimento de 2060, o que indica que ao menos parte do mercado não vê o nível atual dos juros de títulos de longo prazo como suficiente.
“Acho que a curva longa está muito ‘amassada’ mesmo. Não vejo sentido a inclinação da NTN-B 2029 a NTN-B 2060 ser tão baixa”, avalia um participante do mercado em condição de anonimato. Segundo ele, historicamente, o que explica uma inclinação baixa entre os vencimentos de prazo mais curto e mais longo é o “risco de refinanciamento, a ‘duration’ alta e a participação de fundos de pensão com meta atuarial”.
*Com informações do Valor Econômico