Alta generalizada de preços indica cenário improvável para BC cortar juros em 2022

Dado de dezembro do IPCA mostrou uma alta no índice de difusão da inflação - de 63% para 75%

- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

O resultado de dezembro do IPCA (0,73%), que fez com que a inflação oficial fechasse 2021 (10,06%) no maior valor desde 2015 (10,67%), veio abaixo da taxa de novembro (0,95%). Apesar da desaceleração em relação a novembro, o dado de dezembro mostrou uma alta no índice de difusão da inflação – de 63% para 75%.

O que isso representa? Para especialistas do mercado, o avanço indica uma composição desfavorável para o IPCA no começo de 2022, com inflação elevada e altamente disseminada entre os grupos. Ou seja, o cenário segue altamente desafiador para o Banco Central trazer a inflação para perto da meta, que em 2022 é de 3,5% – com o teto em 5%.

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Além disso, o BC deve continuar o ciclo de subida da Selic e manter o aperto monetário por um tempo prolongado. As perspectivas então são de um cenário improvável de cortes dos juros ao longo do ano.

“O resultado de hoje sugere que o Banco Central ainda tem um trabalho enorme à frente para garantir a convergência da inflação de volta às metas. Acreditamos que o BC deverá elevar a taxa Selic novamente em 1,25 ponto percentual na reunião do mês de fevereiro, encerrando o ano por volta de 12%. Não vislumbramos cortes de juros em 2022”, avaliou o economista-chefe do Opportunity Total, Marcelo Fonseca.

“A queda da inflação brasileira para o menor nível em quatro meses a 10,1% ano contra ano em dezembro confirmou que os recentes picos de inflação de alimentos e energia estão começando a se dissipar”, avaliou em relatório o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson. “Mas com a taxa ainda muito acima da meta — e a inflação em alguns núcleos de bens e categorias básicas de serviços continuando a subir —, o Copom entregará outro grande aumento de juros (de 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano) quando se reunir no próximo mês”, acrescentou.

“O dado de hoje pode reduzir a percepção dos economistas de que poderíamos ter um momento mais favorável para a inflação no curto prazo, com revisões altistas para o IPCA no primeiro trimestre de 2022”, apontou o economista-chefe da Kínitro Capital, Sávio Barbosa. “Assim, na nossa visão, foi uma leitura negativa, mas insuficiente para alterar a postura do Copom, que deve subir a taxa Selic em mais 150 pontos-base na sua próxima reunião”, completou.

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