Ibovespa avança com disparada da Vale em dia positivo para ativos de risco

A subida mais forte das ações da Vale garantiu suporte para o Ibovespa se firmar no campo positivo ao longo da tarde, depois de iniciar o dia perto da estabilidade. Às vésperas da posse do presidente americano eleito, Donald Trump, que ocorre na próxima segunda-feira, o índice fechou em alta de 0,92%, aos 122.350 pontos, perto da máxima de 122.674 pontos e distante dos 121.074 vistos na mínima. Na semana, o Ibovespa subiu 2,94%. Essa foi a maior alta semanal desde a semana encerrada em 9 de agosto de 2024, quando o índice acumulou alta de 3,78%, segundo dados do Valor Data.

Perto do fim do pregão, falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e um recuo maior de algumas ações de blue chips ajudaram a reduzir um pouco o ímpeto de alta. As ações ON do Bradesco fecharam em queda de 1,30%, enquanto os papéis da Petrobras apresentaram movimento misto: as PN tiveram alta de 0,40% e as ON recuaram 0,07%.

Mesmo em um dia de vencimento de opções de ações, operadores destacaram que o volume financeiro do índice foi baixo, de R$ 17,1 bilhões. Ao longo dos primeiros dez pregões deste ano, o volume financeiro diário médio do Ibovespa ficou em R$ 14,7 bilhões. Já na B3, o giro financeiro foi de R$ 22,6 bilhões.

O avanço dos preços do minério de ferro pela sétima sessão seguida e dados mais positivos da China impulsionaram os ganhos da ação da Vale, que subiu 3,46%. Outros papéis do setor de mineração e siderurgia também avançaram, caso de CSN Mineração (+5,13%), CSN (+4,10%) e Usiminas (+3,51%).

Dados oficiais da China mostraram que a economia local foi capaz de crescer 5% em 2024 e atingir sua meta de crescimento. Para além do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, o sócio da BRCG e pesquisador associado da FGV IBRE, Livio Ribeiro, destaca que o país apresentou também números em dezembro que mostraram um desempenho fraco da construção civil, ao mesmo tempo em que houve uma performance mais forte da indústria de transformação, que teria se antecipado à posse de Donald Trump, que ocorre na próxima segunda-feira.

“O processo de recuperação do mercado imobiliário é longo e envolve muito impulso estatal. É preciso primeiro limpar o estoque de imóveis construídos e não vendidos”, diz Ribeiro. O pesquisador conta que esperava uma recuperação nos preços do minério de ferro após o montante elevado de estímulos chineses, mas avalia que o pico da demanda pela commodity já passou.

Por outro lado, os papéis da Yduqs lideraram as perdas na sessão, com queda de 5,71%. Hoje, o dia foi de alta dos juros futuros mais longos. Além disso, ontem, a gestora SPX informou que reduziu sua participação na empresa para o equivalente a 4,9%, ante os 5,54% detidos anteriormente.

A sessão também foi de correção para as ações da Azul, que caíam 3,06%. Na véspera, a companhia informou que assinou um memorando de entendimento com a Abras, holding que controla a Gol, para potencial fusão das duas empresas.

Dentro das notícias corporativas, a Cogna anunciou hoje um programa de recompra de quase 8% do total de ações em circulação (free float). Os papéis da empresa fecharam o dia com alta de 1,63%, a R$ 1,25, mas chegaram a avançar até os R$ 1,29, na máxima da sessão.

Em relatório, analistas do Itaú BBA, liderados por Daniel Gewehr, destacaram que o ano de 2024 foi marcado por um total de 126 programas de recompra de ações, o que seria o número mais alto de programas abertos em um único ano desde 2005. Segundo a casa, o setor de concessões públicas teria sido o que ofereceu o melhor retorno, de 5,22%, ao levar em conta o volume-alvo e a capitalização de mercado.

Sem contar o programa da Cogna, que foi anunciado hoje, o Itaú BBA destaca que há oito programas de recompra de ações em aberto atualmente: CPFL6, CPFL3, PRIO3, ELET6, ELET3, VVBR3, RENT3 e B3SA3.

*Com informações do Valor Econômico