IBC-Br forte incentiva revisões do PIB com viés de alta, dizem economistas

Índice acima da expectativa do mercado pode trazer alteração nas projeções do PIB, dizem economistas de XP, BNP e Santander

Foto: Rafael Henrique/Reuters
Foto: Rafael Henrique/Reuters

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 3,32% em fevereiro, na comparação dessazonalizada com janeiro, e surpreendeu positivamente os economistas, que já começam o trabalho de revisar as suas projeções de PIB para o primeiro trimestre e para o ano de 2023. As estimativas colhidas pelo Valor Data apontavam mediana de alta 1,2% em fevereiro, menos da metade do que foi mostrado no resultado.

“Surpreendeu bem. Veio bem forte. Juntando com o Caged que também mostrou ontem a abertura de mais vagas formais do projetado para março, devemos ver o mercado caminhando para expectativas mais otimistas para o PIB”, indica a economista-chefe do banco BNP Paribas para o Brasil, Laiz Carvalho.

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Projeções do PIB devem aumentar após IBC-Br

O BNP tem uma expectativa de crescimento do PIB em 1,5% para o fim de 2023 e vai mantê-la, segundo Laiz, porque já estava mais alta do que a média das estimativas do mercado.

“Para o primeiro trimestre, por exemplo, algumas casas estavam com números próximos de crescimento de 0,7% e nós estamos com 0,9%. Então, também devemos ver migração para patamares um pouco mais positivos de crescimento nesse início de ano”, diz a economista.

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Na avaliação do economista da XP Rodolfo Margato, o forte crescimento da atividade em fevereiro está atrelado à expansão da agricultura e um sólido desempenho do setor de serviços. “Se estivermos corretos, o IBC-Br apresentará alta de 3,0% no primeiro trimestre na comparação anual”, comenta em nota.

“Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2023, atualmente em 1%, é enviesada para cima. O forte crescimento de setores menos sensíveis ao ciclo econômico como agricultura e indústria de mineração, a resiliência do mercado de trabalho e os estímulos fiscais dão sustentação à atividade econômica no curto prazo”, acrescentou.

Para o economista-chefe do Sicredi, André Nunes, o primeiro trimestre apresentou um reaceleração e sua equipe deve aumentar as projeções de crescimento. “É um número que vai corrobar uma revisão da expectativa de crescimento para cima no trimestre e com rescaldo para o ano”.

No Santander, o economista Gabriel Couto afirma que está revisando a trajetória de crescimento no primeiro trimestre após o IBC-Br de fevereiro, que atualmente ainda está em 0,5%.

Desaceleração da economia deve ficar para 2º tri

Contudo, os economistas ainda concordam que a esperada desaceleração da atividade econômica está sendo apenas adiada e deve ficar mais clara no segundo trimestre. A principal razão apontada é a taxa básica de juros, que deve se manter em 13,75% ao menos até o segundo semestre.

“Ainda imaginamos um processo de desaceleração cíclicas por conta da taxa de juros elevada. Chegamos no ápice dela, de 13,75%, no segundo semestre do ano passado e sabemos que existe uma defasagem do impacto dela na atividade”, analisa Nunes, do Secredi, que apontou o agro e a resiliência do mercado de trabalh como os fatores positivos para o primeiro trimestre.

Laiz Carvalho, do BNP, também acredita que a política monetária vai tirar o ímpeto da atividade de forma mais clara n osegundo semestre. “Temos crescimento de 0,9% para o primeiro tri, depois desacelera para crescimento de 0,4% no segundo e depois desacelera para alta 0,1% no terceiro”, disse.

Segundo a economista, nem mesmo a possível aprovação do novo arcabouço fiscal ou da reforma tributária ao longo do ano devem mudar o panorama de desaceleração. Para mudar o cenário, só se acontecer mais surpresas temporárias como um setor de serviços performando muito melhor do que estamos esperando e manutenção da demanda nesse patamar mais alto. Mas não vejo muito mais por onde sermos surpreendidos positivamente. A reforma tributária, se realmente acontecer, deve ter impactos só para os anos seguintes”, conclui.

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