Haddad: ‘Fiquei bastante preocupado com a decisão do Copom’

Ministro falou em 'maior taxa de juros do mundo em uma economia que tem as menores taxas de inflação'

Fotos: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
Fotos: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que ficou “bastante preocupado” com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. A decisão foi tomada na quarta-feira, após reunião do colegiado do Banco Central.

Haddad se disse contrário a “manter pela terceira vez [neste ano] a maior taxa de juros do mundo em uma economia que tem as menores taxas de inflação”. A afirmação foi feita em diálogo entre ministros e conselheiros no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, no Palácio do Itamaraty.

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“Vamos perseverar no diálogo com o Banco Central e com a política monetária”, disse. “Esse é um tema (queda dos juros) muito importante, que não opõe o político ao técnico.”

Segundo ele, existem diferentes “visões sobre como operar política econômica”.

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Ele descartou “qualquer tipo de pressão política sobre um órgão que tem a mesma legitimidade que eu tenho”, referindo-se ao BC. Mas disse que a queda dos juros importa para a política fiscal, “o planejamento de longo prazo” do país, empresários e a reindustrialização.

Desafio da reforma tributária

Ainda na reunião do Conselhão, o ministro da Fazenda afirmou que, depois da aprovação do arcabouço fiscal, “precisamos enfrentar um dos maiores desafios do país, que é a reforma tributária”. “O problema tributário no país é muito mais grave para a produtividade da economia do que o educacional”, disse Haddad.

“Se não resolvermos a colcha de retalhos que é o sistema tributário, que penaliza empresários mais eficientes, não teremos economia para competir no mundo.”

De acordo com ele, o governo federal está “desenvolvendo um projeto sobre nossas vantagens competitivas”, já que “todo mundo sabe no que o Brasil é muito bom”.

“Todo o olhar do mundo se volta para oportunidades existentes no Brasil”, disse.

Segundo o ministro, “precisamos arrumar o que está desarrumado, pois o Brasil tem tudo para crescer e crescer forte”.

“Tenho muita esperança que este conselho nos auxilie”, disse. “Queremos receber subsídios para aprimorar os programas.”

Haddad também se comprometeu a se “debruçar sobre argumentos contrários às decisões tomadas – e, se precisar refazer, vamos atender”.

Outro ponto abordado pelo ministro foram as potencialidades da questão ambiental. “A questão energética está na ordem do dia. Temos condições de produzir no Brasil, em todas as indústrias, trazendo investimentos de longo prazo voltados para a nova filosofia do mundo.”

Ele reconheceu, no entanto, que os objetivos não dependem só do Executivo. “Temos que fazer uma harmonização entre os Poderes. É isso que vai garantir o passaporte.”

Por fim, afirmou que a América do Sul depende “muito” do Brasil para voltar a dar certo. “O Brasil precisa dar certo para a sua região.”

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