Haddad: estatais brasileiras têm robustez após escândalos de executivos

Futuro ministro da Fazenda, Haddad comentou sobre como será o diálogo com Lula na condução da economia brasileira e equilíbrio fiscal

Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, falou à Globonews (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)
Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, falou à Globonews (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)

O teto de gastos é uma saída sabidamente precária e há maneiras mais inteligentes de se fazer o equilíbrio fiscal, disse há pouco o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à Globonews. Com as “lambanças” na eleição, disse, a taxa de juros deu “umas deslocadas”.

Em entrevista ao vivo para o canal, o futuro ministro da Fazenda de Lula no novo governo comentou sobre as mudanças na Lei das Estatais, além de como será a colaboração entre ele e o presidente eleito na condução da economia brasileira. “Não me lembro de divergência entre mim e presidente Lula que a gente não tenha dirimido dialogando”, disse.

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Haddad disse que a governança de estatais, como o BNDES e a Petrobras, ganhou robustez após os escândalos de corrupção envolvendo executivos de carreira à frente das companhias. Aquelas pessoas todas que foram punidas e confesssaram crimes se enquadram na Lei de Estatais”, comentou. “Você precisa de controladoria forte, compliance forte.” Segundo Haddad, isso funcionou bem na Esplanada, com a atuação da Controladoria Geral da União (CGU), mas não nas estatais.

O futuro ministro da Fazenda resgatou a experiência na Prefeitura de São Paulo com uma controladoria rigorosa para apurar escândalos de corrupção. “Não acredito em combate eficaz à corrupção sem fortalecimento da CGU, que passou por desmantelamento nos últimos anos”, prosseguiu.

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Haddad espera que, com Lula, o fortalecimento de órgãos de controle continue. Não apenas para o fortalecimento da CGU, mas de órgãos fiscalizantes como a Receita Federal e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Haddad ressalta que PT terá equilíbrio fiscal

O futuro ministro destacou a importância do equilíbrio fiscal de longo prazo. “Tem que resultar na sustentabilidade do Estado”, disse. “Estado forte não é grande, é aquele que paga contas, gasta em Educação e Saúde, faz ferrovia, transposição do [rio] São Francisco, que aguenta choques externos.”

Na crise cambial dos anos 1990, disse, foram cometidos erros de política econômica. Naquela época, o Fundo Monetário Internacional (FMI) “praticamente impôs” a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Durante os governos do PT, disse, a dívida caiu “bruscamente”, ao mesmo tempo em que a carga tributária não aumentou, uma vez que a receita aumentava por causa do crescimento econômico.

Haddad afirmou que o novo arcabouço fiscal pode vir por lei complementar. Ontem, durante coletiva, o petista afirmou que a apresentação da nova âncora da economia brasileira será em forma de projeto e deve tramitar no Congresso junto com a reforma tributária. Ele nomeou seu ‘número 2’ na Fazenda, o banqueiro Gabriel Galípolo, e o secretário especial para a reforma, Bernard Appy.

Governo será ‘coeso’

A condução da economia no próximo governo Lula ainda é uma incógnita. Tanto quanto pela indefinição da equipe do Ministério da Fazenda quanto pela influência de Lula na pasta. Haddad foi claro ao falar sobre a troca de ideias entre ele e o presidente diplomado.

“Não me lembro de divergência entre mim e presidente Lula que a gente não tenha dirimido dialogando”, disse. Ele relembrou que trabalha há 25 anos com o futuro presidente, e que, mesmo em seu mandato como ministro da Educação no segundo governo Lula, ele era chamado para opinar sobre a economia.

Pontos de vista divergentes são normais no governo, mas é raro chegar ao ponto de ministros não chegarem a um entendimento e ser necessário o presidente arbitrar, comentou. É possível que haja diferenças com a recriação do Ministério do Planejamento, admitiu.

O foco Haddad está em dois lugares

Haddad disse à Globonews que está integralmente dedicado à aprovação da PEC de Transição e à composição de sua equipe na Fazenda.

“Gosto de trabalhar com gente que tem currículo, entende do riscado”, disse. Em contraponto, observou que o governo de Jair Bolsonaro tomou providências à revelia de sua área econômica.

“O desenho do Auxílio Brasil não foi feito para combater a fome, mas para maximizar votos”, critiicou. Ele contou que o grupo de transição recebeu ofício do atual governo mandando retirar do cadastro 2,5 milhões de brasileiros. “Por que foram incluídos, então?”, questionou. “Você não sai cadastrando como fizeram por causa da eleição.”

Questionado se o atual secretário de Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, integrará sua equipe, Haddad desconversou e disse que não foi à entrevista para anunciar nomes. Disse que pretende ter 100% da equipe montada na próxima semana, mas ainda há dúvidas sobre a posição que cada um vai ocupar.

Haddad quer reunir Arida e Lara Resende em ‘conselho’

Haddad afirmou não ver Gabriel Galípolo e Bernard Appy, dois integrantes já anunciados de sua equipe, como petistas.

Questionado sobre o relacionamento do novo governo com economistas do PSDB, como parte da aproximação que ocorreu durante a campanha, Haddad disse que trabalhou com tucanos quando estava no Ministério da Educação.

Ele afirmou que pretende formar um conselho e que afirmou que seria uma “honra” contar com figuras como Persio Arida e André Lara Resende. “São figuras que dão o melhor de si porque torcem pelo país; vou fazer uma espécie de conselho com quem vou me reunir periodicamente”, disse. Acrescentou que tem suas opiniões, mas gosta de ouvir muito para errar menos.

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