Guerra pode ter efeito positivo no Brasil, diz Campos Neto

Em razão do conflito, presidente do BC também vê passo atrás na transição verde no curto prazo

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia modificou a dinâmica das cadeias globais de valor e que isso pode gerar efeitos positivos para o Brasil.

“Tem uma notícia que pode ser potencialmente muito boa quando vemos os efeitos dos choques da guerra para o Brasil”, disse em evento promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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“A parte de minerais é positivo para o Brasil, porque é exportador. A parte de alimentos também, se o Brasil tiver fertilizante é positivo para porque o país é exportador”, completou.

Segundo ele, o redesenho das cadeias globais pode ser uma oportunidade para o Brasil se inserir nesse contexto.

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“O Brasil não se inseriu nas cadeias globais de valor, agora temos oportunidade de estarmos presentes. Essa é uma grande oportunidade para o Brasil em termos do que está acontecendo no mundo”, disse.

Passo atrás na transição verde

O presidente do BC afirmou também que a crise recente de energia no mundo, agravada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, significa “um passo atrás” na transição verde no curto prazo.

“No curto prazo, [a crise] significa um passo atrás em termos de energia limpa e transição verde porque tem um problema energético que aflige as pessoas, mas em longo prazo pode haver uma melhora porque existe um incentivo às energias alternativas”, disse em evento promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Campos reforçou a alta de preços de energia e falta de investimento, que geram gargalo prolongado no setor. Ele atribuiu a falta de investimento no setor mesmo com aumento de demanda à chamada inflação “verde”, gerada pela transição para uma economia sustentável.

Segundo ele, a crise energética começou na pandemia e se intensificou com a guerra na Europa. “Problema de gás natural começou na pandemia, e não na guerra, mas foi exacerbado agora”, destacou. “Mais importante que o movimento energético, que é mais duradouro, é o redesenho das cadeias globais de valor. Teremos um mundo mais polarizado”, ressaltou.

Campos avaliou que o mundo deve passar por período prolongado de inflação alta e crescimento baixo. “Temos a primeira guerra travada em mídias sociais e houve o maior conjunto de sanções da história, com fortes implicações, primeiro com uma grande crise energética global”, disse.

No Brasil, ele destacou o crescimento do mercado de crédito e números positivos nas contas públicas. “A gente tem crédito mesmo com juros subindo a dois dígitos”, comemorou. “Vemos uma grande melhora no curto prazo do fiscal. O aumento das commodities ajuda o fiscal porque aumenta a arrecadação”, complementou.

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