Guedes: Salário mínimo e aposentadoria vão ser reajustados pelo menos de acordo com a inflação
Ministro diz que novo arcabouço fiscal sem indexação de aposentadoria e do salário mínimo é ‘fake news’
O ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou como “fake news” a informação de que o governo esteja preparando um novo arcabouço fiscal sem indexação de aposentadoria e do salário mínimo. “Não se muda a regra do jogo durante o jogo”, disse Guedes a jornalistas depois de palestra na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio.
Ele frisou que o salário mínimo e as aposentadorias vão ser reajustados pelo menos de acordo com a inflação.
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Guedes chamou de “sem pé nem cabeça” a suposta proposta de o governo não prover reajustes no mínimo e em aposentadoria a partir do ano que vem, em eventual novo governo de Bolsonaro. “Claro que vai ter aumento de salário mínimo. Mesmo durante pandemia demos aumento [reajuste]”, disse. “Em janeiro e em fevereiro [de 2023, caso o atual governo seja reeleito], aposentadorias e salário mínimo serão corrigidos pelo menos pela inflação. Pode ser até mais”, afirmou.
Em coletiva de imprensa, o ministro falou mais de uma vez o termo “fake news” ao ser indagado sobre matéria da “Folha de S.Paulo” desta quinta-feira. Segundo apurou o jornal, o ministro da Economia estaria planejando desenho de nova arquitetura fiscal, em eventual reeleição do atual governo. A proposta, que seria veiculada após segundo turno das eleições, visaria frear crescimento de despesas no Orçamento da União, e incluiria salário mínimo e aposentadoria sem correção inflacionária.
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Guedes destacou que, quando assumiu o governo, já falava na “regra dos 3D”: desindexar, desvincular e desobrigar o orçamento. “Em 2019, quando chegamos, falamos que seria importante desindexar, no âmbito de economia madura”, disse o ministro, que lembrou a alocação de recursos para combater os efeitos negativos da pandemia sobre a economia.
“Os municípios não poderiam ter ausência de dinheiro durante a pandemia, mas o funcionalismo não pôde ter reajustes”, disse. “O funcionalismo ficou dois anos sem reajuste; eles deram a sua contribuição”, acrescentou.
O ministro afirmou que o Brasil era “um saci-pererê que só pulava com a perna esquerda” e voltou a criticar o debate entre esquerda e direita, além de alertar para que não se subestime a força econômica do país.
Durante sua fala na CNC, Guedes afirmou que o país já estava “decolando” quando começou a pandemia de covid-19 e lembrou que a queda da economia do país foi menor que em outras nações durante a crise do coronavírus.
“O Brasil pode crescer 2,8% segundo projeções mundiais, mas pode crescer mais, eu acho, para 3% [este ano]. Nunca perdi a confiança no país. Acho que vocês empresários são heróis nessa guerra”, disse Guedes. Na sequência, Guedes acrescentou que, depois das reformas já realizadas e ainda em andamento, espera que o país cresça de 3,5% a 4,5% por dez anos seguidos.
“Estou muito seguro e confiante e feliz de termos atravessado a crise. A crise não foi atravessada plenamente por outros países. O Brasil está recuperando o ciclo de crescimento”, disse o ministro, que frisou ainda que o restante do mundo estava tentando um “soft landing” mas, com a covid-19, acabou acontecendo um “pouso forçado”. “Aí veio a guerra [entre Rússia e Ucrânia] e agora eles estão [demais países] em estagflação”, disse.
Guedes indicou ainda que o Brasil vai “reindustrializar” o Nordeste e notou que, ao longo de 20 a 40 anos, os “impostos excessivos” contribuíram para desindustrializar o país como um todo.
“Desindustrializamos o Brasil com impostos mal colocados. Precisamos aliviar essa carga tributária sobre setor produtivo”, afirmou. “O Brasil vai fazer um processo de reindustrialização acelerado. O Brasil vai reindustrializar o Nordeste”, prometeu.
Energia eólica
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira que os europeus descobriram que a energia eólica no Brasil é mais barata que no Mar do Norte. Ele ressaltou que no Brasil o vento é “mais favorável e contínuo” para a produção de energia que os ventos do Mar do Norte que, conforme disse, são “turbulentos”.
“Eles [investidores] sabem agora que podem fazer entre 10 e 50 ‘Itaipus’ no Nordeste brasileiro. Isso dobraria a capacidade [de geração de energia] do Brasil”, disse Guedes, que acrescentou que o Brasil já é conhecido como potência agrícola e agora será reconhecido como uma potência energética.
O ministro disse ainda que o país agora quer acesso à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e frisou que o Brasil está “à frente” de outros concorrentes. “Queremos convergir para as melhores práticas de negócios, ambientais e de política pública. Esses são lemas da OCDE e Brasil está convergindo a isso.”
Por Alessandra Saraiva e Rafael Rosas, do Valor Econômico