Gestores veem dólar a R$ 4 após as eleições

Em meio ao cenário de incertezas elevadas globalmente e no ambiente doméstico, os fundamentos parecem descolados dos preços de ativos no mercado

Tiago Berriel: Quando você olha para o real a R$ 5,50 ou a R$ 4,90 em relação aos termos de troca da economia, não faz sentido — Foto: Claudio Belli/Valor
Tiago Berriel: Quando você olha para o real a R$ 5,50 ou a R$ 4,90 em relação aos termos de troca da economia, não faz sentido — Foto: Claudio Belli/Valor

Em meio ao cenário de incertezas elevadas globalmente e no ambiente doméstico, os fundamentos parecem descolados dos preços de ativos no mercado. Neste sentido, o dólar poderia flertar com o patamar dos R$ 4 após o período eleitoral, enquanto aparecem oportunidades em títulos públicos de longo prazo atrelados ao IPCA e também em ativos de renda variável.

Essas foram algumas das opiniões expressadas por palestrantes em evento organizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), realizado ontem em São Paulo. Na visão do sócio e estrategista de macroeconomia e de produtos da BTG Asset, Tiago Berriel, e do diretor-executivo da AZ Quest, Walter Maciel, os termos de troca da economia brasileira e o diferencial de juros elevado em comparação aos EUA justificariam uma apreciação mais expressiva do real, que poderia se aproximar dos R$ 4 após as eleições.

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“Quando você olha para o real a R$ 5,50 ou a R$ 4,90 em relação aos termos de troca da economia, não faz sentido. E o segundo fator é o nosso diferencial de juros em relação aos EUA. Ele saiu de 2% e, mesmo se o Fed entregar tudo o que está na curva, vai superar os 10% em breve”, disse o profissional do BTG.

Já para a estrategista da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, a sequência de surpresas inflacionárias observadas no mercado local nos últimos meses fez com que os retornos dos títulos indexados à inflação (IPCA) de prazos mais curtos, medidos pelo índice IMA-B 5, tenham superado os títulos do mesmo tipo de prazo mais longo, medidos pelo índice IMA-B+5.

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No entanto, em estudo realizado pela estrategista, em períodos em que a taxa Selic permaneceu estável ou naqueles em que o Banco Central cortou os juros, a dinâmica se inverte e os títulos indexados ao IPCA de prazos mais longos tendem a superar a rentabilidade dos mais curtos.

“Se tem uma coisa que aprendemos em ciclos de estabilidade e de cortes de juros passados é que eles costumam ser bons para as NTNBs mais longas. Atualmente as taxas estão próximas de 6%, o que parece interessante, dada a proximidade do fim do ciclo de alta do BC”, afirmou a estrategista.

Para o diretor de investimentos da Bradesco Asset Management (Bram), Philipe Biolchini, o cenário é de riscos elevados, mas, quando se observa a precificação das ações brasileiras, grande parte das notícias ruins parecem já incorporadas aos preços. O profissional cita os múltiplos bastante deprimidos dos papéis do Ibovespa, quando comparados às médias históricas e aos pares emergentes. Além disso, ele lembra que os dividendos das empresas do índice são maiores do que a própria NTN-B e que o nível de endividamento corporativo é saudável. “Nossa visão é que os preços estão descontados.”

Uma visão menos positiva para os ativos locais, no entanto, foi expressada pelo gestor de multimercados da XP Asset, Bruno Marques. Segundo ele, há pouca assimetria nos preços observados no mercado local. Marques afirmou que, até recentemente, as maiores posições no Brasil eram compradas em inflação, que foram reduzidas devido a receios de “canetadas do governo.”

“Temos pequenas posições compradas em dólar e vendidas em bolsa. Não vemos grandes assimetrias positivas e, atualmente, nossas posições são pequenas e com um viés um pouco mais pessimista”, conclui.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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