Gestora vê inflação em 6,1% e possibilidade de Selic alcançar 13,25% ao ano

Genoa Capital avalia que Banco Central vai precisar ir além do que tinha previsto em seu plano de aperto monetário para trazer a inflação para a meta

- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

Embora o Brasil não esteja com uma demanda aquecida, existe um choque de custos relativamente grande devido ao avanço dos preços do petróleo, que se soma a uma inflação já bastante elevada. “Os reajustes salariais que vamos acompanhar vão estar próximos do INPC, que vai estar rodando a 10%. A chance de inicializar a inflação mais alta via salários aumenta”, avalia o economista-chefe da Genoa Capital, Igor Velecico, cuja estimativa para o IPCA no fim do ano foi elevada de 5,6% para 6,1%, enquanto a projeção para o IPCA de 2023 subiu para 3,6%.

Diante de um novo choque de inflação, o Banco Central precisará ir além do que tinha previsto em seu plano de voo anterior. Antes, a Genoa esperava que o ciclo de aperto monetário chegaria ao fim com a Selic em 12,25%. Agora, a gestora espera que o juro básico alcance 12,75% e vê riscos de a Selic ir para 13,25%. “É um debate que está super vivo. Achamos que, a depender do tamanho e da continuidade do choque, se continuarmos a ver o petróleo subindo, podemos ver uma alta de 1 ponto, seguida de duas de 0,5 ponto, o que deixaria o juro em 12,75%, ou até mesmo duas altas de 1 ponto e uma última de 0,50 ponto, o que levaria a Selic a 13,25%.”

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Na visão de Velecico, a decisão de diminuir o ritmo de elevação da Selic, que era de 1,5 ponto até fevereiro, se deve ao fato de o BC olhar o ano-calendário de 2023 com peso maior no momento. “E, quando ele faz isso, precisa combater os efeitos do choque de 2022, mas tem mais espaço de ação”, diz o economista. Ele aponta, ainda, que, nesse caso, a autoridade monetária consegue continuar a elevar os juros, mesmo que a um ritmo menor, já que olha para 2023 e, assim, pode se dar esse benefício.

Outro argumento destacado pelo profissional para a opção do BC em diminuir o ritmo de elevação da Selic está no apontamento de que a reação do mercado é bastante volátil e de que os preços podem voltar para níveis mais baixos, a depender dos desenvolvimentos do conflito. Assim, para Velecico, seguir no ritmo anterior “poderia gerar custos exagerados” em termos de atividade econômica ao se observar ex-ante.

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Já em relação a argumentos favoráveis a se manter o ritmo de alta da Selic em 1,5 ponto, Velecico cita o comportamento das expectativas, que demanda preocupação, especialmente no momento em que o Focus continua a apontar uma inflação acima do centro da meta. Para o economista da Genoa, as expectativas podem se afastar um pouco mais da meta “e, quando isso acontece e está no raio de atuação do BC, ela precisa agir”, afirma. Além disso, ele lembra que o período eleitoral começa em breve “e, para alguns analistas, o BC pode preferir fazer o seu trabalho ao longo do primeiro semestre”.

BNP Paribas projeta IPCA de 6%

A escalada dos preços do petróleo, iniciada com o conflito entre Rússia e Ucrânia e intensificada com notícias de que os Estados Unidos estariam considerando uma proibição total do petróleo russo reforça a pressão inflacionária já sentida em todo o globo e também no Brasil, diz Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP Paribas.

“Neste momento, temos riscos de inflação para cima. Temos projeção de 6,0% de inflação para 2022 e seguimos vendo condições altistas. Ainda que o anúncio do IPI e uma possível bandeira tarifária verde de energia elétrica em maio possam ajudar, vemos fortes pressões vindas do ambiente internacional”, afirma.

Arruda entende que os preços do petróleo não devem desacelerar tão cedo e, assumindo que o ambiente continue desafiador e que a oferta de petróleo tem pouca margem para crescimento no curto prazo, o banco acredita que os níveis atuais de preços da commodity podem perdurar por bastante tempo. Lembra ainda que, na agricultura, a elevação dos custos de fertilizantes implica em um aumento nos custos de produção, o que seria outro ponto de pressão.

“O fiscal pode ajudar a suavizar o impacto, mas a um custo bastante alto. Um cenário possível seria o governo considerar esse período de conflito como algo que justifique o uso de créditos direcionados. No entanto, um risco atrelado a essa opção seria a coordenação necessária para definir o tamanho do gasto aceitável. Um segundo risco está associado à duração do choque. Se os preços permanecem altos, políticas fiscais que absorvam temporariamente o choque de preços estariam apenas postergando o problema.”

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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