Galípolo rejeita envolver Banco Central em debate sobre mudança em meta de inflação

Recado veio na primeira aparição pública do diretor após a sabatina em que foi aprovado para ser o próximo presidente da autoridade monetária

Gabriel Galipolo, atual diretor de política monetária do Banco Central e futuro presidente da autoridade monetária, em painel de discussão do Itaú BBA Macro Vision 2024 Foto: Divulgação/Itaú Unibanco
Gabriel Galipolo, atual diretor de política monetária do Banco Central e futuro presidente da autoridade monetária, em painel de discussão do Itaú BBA Macro Vision 2024 Foto: Divulgação/Itaú Unibanco

O diretor de política monetária e próximo presidente do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo sinalizou nesta segunda-feira (14) ser contra a participação do órgão em eventuais discussões sobre mudança na meta de inflação.

“Mudança na meta não é tema para o BC. Acho que o BC não deveria nem votar no CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre a meta que ele deveria perseguir”, disse ele durante a edição 2024 do Macro Vision, evento anual de macroeconomia do Itaú BBA.

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“O BC persegue meta, não define”, acrescentou Galípolo na primeira aparição pública desde que passou por sabatina no Senado.

Então, Gabriel Galípolo foi aprovado por unanimidade para ser o próximo presidente do BC a partir de janeiro de 2025.

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Gabriel Galípolo: nervosismo do mercado com política monetária

As declarações acontecem num momento de crescente nervosismo do mercado em relação ao futuro da condução da política monetária no Brasil.

Em setembro, o BC iniciou um ciclo de aumento da taxa básica de juros, de 10,5% para 10,75% ao ano.

A aposta majoritária é de que a Selic seguirá subindo nos próximos meses, chegando ao redor de 12% anuais até o começo de 2025.

Galípolo, indicado pelo atual governo, sucederá Roberto Campos Neto, que tem sido bastante criticado pela gestão Lula em relação à política de juros.

O atual diretor de política monetária, contudo, frisou que a atual diretoria de nove membros do BC vem trabalhando em “harmonia”.

Patamar desconfortável

Mais do que isso, Galípolo pontuou que as expectativas do mercado para a inflação estão num patamar desconfortável.

Na edição desta segunda-feira do Focus, a pesquisa do BC com instituições financeiras apontou que a expectativa de inflação segue acima da meta.

A projeção do mercado é de que inflação pelo IPCA fique em 4,39% em 2024, 3,96% em 2025 e em 3,6% em 2026.

Todas essas previsões estão acima da meta anual de 3% do IPCA, que serve de referência para a política de juros do BC.

“As expectativas desancoradas num patamar desconfortável para o Banco Central”, disse o diretor da autoridade monetária.

Por isso, Galípolo destacou que o momento é de o BC ser conservador na condução da política monetária.

Galípolo: pontos de atenção da política monetária do BC

Nesse sentido, ele destacou três pontos principais de atenção da autoridade monetária.

Um deles é o crescimento econômico do Brasil acima das expectativas. O Focus desta semana apontou expectativa de alta de 3,01% neste ano.

Não só o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como também a taxa de desemprego em níveis recordes de baixa, destacou ele.

Além disso, o BC monitora a política fiscal. Ele destacou, porém, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm mostrado disposição em controlar os gastos do governo.

Por fim, a autoridade monetária também acompanha os efeitos da economia internacional, com ênfase em Estados Unidos, Europa e China.

“Tem um descasamento sobre o que está acontecendo com a política monetária em relação a outros países”, disse Galípolo.

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