Galípolo assume tendo de prestar contas do que sequer fez; o que gestoras gringas pensam do novo presidente do BC

Entrada de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central em 2025 começa descredibilizada e sob medo de dominância fiscal

Daniel Celano, da Schroders: 'mercado coloca prêmio de risco sobre entrada de Galípolo na presidência'. Foto: Divulgação
Daniel Celano, da Schroders: 'mercado coloca prêmio de risco sobre entrada de Galípolo na presidência'. Foto: Divulgação

Sob a expectativa de continuidade do ciclo de alta da Selic, o economista Gabriel Galípolo, ao tomar posse da presidência do Banco Central em 2025, assume a cadeira com o mercado sob dúvidas. Gestores afirmam que, enquanto Galípolo vem dando sinais de que não deve seguir a régua do governo sobre o controle do câmbio, por exemplo, paira sobre o indicado por Lula a gestão do último banqueiro central indicado pelo PT, Alexandre Tombini.

O medo do mercado é de que Galípolo repita os erros de Tombini na condução de política monetária, adotando a paralisação ou queda dos juros. Isso mesmo diante da expectativa de inflação acima do centro da meta do BC até 2026.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Para Daniel Celano, country head da gerenciadora de ativos britânica Schroders do Brasil, o próximo presidente do BC “assume precisando prestar contas por algo que sequer fez”.

Gabriel Galípolo entra no Banco Central com fantasma de Tombini

Celano, assim como Walter Maciel, CEO da AZQuest, e Daniel Popovich, diretor de soluções em investimentos da Franklin Templeton no Brasil, concordam que o país vive hoje uma “crise de credibilidade” no mercado financeiro global. Os gestores se reuniram no evento Panorama 2025, promovido pela Mirae Asset.

Últimas em Economia

Assim, o ciclo de alta da Selic, na visão de Celano, tornou-se uma tentativa do Banco Central “recuperar a credibilidade” sobre expectativas de dólar e inflação. A missão que recai sobre Gabriel Galípolo em 2025.

O mercado dá a Galípolo o “benefício da dúvida” para continuar subindo os juros. Mas não está descartado o medo de que ele repita gestos de Tombini. “Isso traz para a presidência do BC um prêmio de risco”, afirma.

“Não adianta jogar água com os juros contra algo que se bota oxigênio, como o fiscal. Estamos indo para a dominância fiscal? A discussão deixa de ser juros, agora precisamos de credibilidade para controlar déficit”, completou.

Medo de dominância fiscal pauta Galípolo no BC

Além de dúvidas do mercado financeiro sobre a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central, há a preocupação de que a trajetória da dívida gere uma espiral.

O BC sobe juros, mas o governo não controla gastos. A dívida bruta do governo sobe, e o montante do Orçamento para pagar a dívida sob juros aumenta pela alta da Selic. É o que o mercado chama de dominância fiscal, explica Daniel Popovich, da gestora americana Franklin Templeton.

Nesse sentido, Gabriel Galípolo não conseguirá recuperar a credibilidade do país no exterior sozinho via os instrumentos de controle de inflação e câmbio do do Banco Central.

Popovich explica que a situação se reflete especialmente no câmbio. Em comparação com o real, o dólar atingiu recentemente a cotação recorde de R$ 6,00.

Conforme Popovich, o “grande desafio do próximo presidente do BC é equilibrar as altas de juros”. Ou seja, subir a Selic para reagir à trajetória da dívida pública, mas sem ser agressivo “a ponto de tornar a dívida ainda mais sustentável”.

“Ele entra com uma missão que vem do mandato de Campos Neto. Agora é bem difícil sentar na presidência do BC. A política fiscal parece não mostrar que se busca equilíbrio. E o grande medo que se tem é que um descontrole possa levar à dominância fiscal”, conclui Daniel Popovich.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

Mais em Banco Central


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS