FMI: Crescimento do PIB do Brasil deve desacelerar para 0,9% neste ano

A inflação global, segundo o FMI, continuará a cair, embora mais lentamente do que inicialmente previsto, para 7% neste ano, de 8,7% no ano passado

Setor de automóveis foi favorecido pelo programa de incentivo fiscal e pesou sobre o PIB do 2T23  — Foto: Reprodução
Setor de automóveis foi favorecido pelo programa de incentivo fiscal e pesou sobre o PIB do 2T23 — Foto: Reprodução

A economia do Brasil deve desacelerar o ritmo de crescimento para 0,9% neste ano, de uma expansão de 2,9% em 2022, segundo as novas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas nesta terça-feira (11).

A nova projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apontada no mais recente relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês) ficou em linha com a mediana das projeções do mercado, de crescimento de 0,91% em 2023, segundo o Relatório Focus, do Banco Central, divulgado na segunda-feira (10).

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Para 2024, o FMI prevê uma melhora do desempenho do PIB do Brasil para 1,5%, também em linha com a mediana das expectativas do mercado, de expansão de 1,44%, segundo a pesquisa do BC.

A economia do Brasil deve desacelerar o ritmo de crescimento para 0,9% neste ano, de uma expansão de 2,9% em 2022, segundo as novas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas nesta terça-feira (11).

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A nova projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apontada no mais recente relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês) ficou em linha com a mediana das projeções do mercado, de crescimento de 0,91% em 2023, segundo o Relatório Focus, do Banco Central, divulgado na segunda-feira (10).

Para 2024, o FMI prevê uma melhora do desempenho do PIB do Brasil para 1,5%, também em linha com a mediana das expectativas do mercado, de expansão de 1,44%, segundo a pesquisa do BC.

Economia global: rumo a gradual recuperação da pandemia e da guerra na Ucrânia

A economia global continua no rumo de uma gradual recuperação dos choques provocados pela pandemia de covid-19 e a guerra da Rússia na Ucrânia, segundo o FMI.

Porém, os riscos para as perspectivas continuam fortemente inclinados para o lado negativo, com a crescente incerteza alimentada pela recente turbulência no setor financeiro elevando as chances de um pouso forçado da economia global, alerta o FMI no seu mais recente Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (11).

O FMI aponta que 2023 começou com alguns sinais de que a economia global poderia ter um pouso suave — com inflação em queda e crescimento estável. De um lado, a reabertura da China — com o fim da política de covid-zero — está proporcionando forte impulso à segunda maior economia do mundo. Além disso, as interrupções nas cadeias de suprimentos estão diminuindo, assim como os deslocamentos nos mercados de energia e alimentos causados pela guerra. Finalmente, o forte e sincronizado aperto monetário promovido pela maioria dos bancos centrais deve começar a conduzir a inflação de volta à meta.

“Prevemos em nosso mais recente WEO que o crescimento global chegará ao ponto mais baixo em 2,8% neste ano antes de subir modestamente para 3% em 2023 — 0,1 ponto percentual abaixo de nossas projeções de janeiro”, escreveu Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI.

Inflação global

A inflação global, segundo o FMI, continuará a cair, embora mais lentamente do que inicialmente previsto, para 7% neste ano, de 8,7% no ano passado.

Gourinchas destaca que a desaceleração econômica deste ano está concentrada nas economias avançadas, com a zona euro reduzindo o crescimento para 0,8% neste ano, enquanto o Reino Unido deverá se contrair para 0,3%, de uma expansão de 3,5% e 4%, respectivamente em 2022.

Com relação as duas maiores economias do mundo, EUA e China, o FMI prevê uma desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano para 1,6% neste ano, de 2,1% em 2022. Por outro lado, a economia chinesa deve acelerar o ritmo de expansão para 5,2% neste ano, impulsionada pela reabertura da economia após três anos de rígidas restrições sanitárias que reduziram o crescimento a 3% no ano passado. Mas o Fundo observa que os problemas do setor de imóveis residenciais continuam sendo um freio sobre o crescimento econômico chinês.

Já a perspectiva para a média das economias emergentes e em desenvolvimento é melhor que a dos países ricos. O FMI vê uma aceleração no crescimento desse grupo para 4,5% ao ano no quarto trimestre deste ano, de 2,8% em igual período de 2022. Com isso, os países emergentes e em desenvolvimento devem encerrar o ano com um crescimento quase estável, de 3,9%, de 4% no ano passado.

Porém, o FMI observa que a recente instabilidade bancária é um lembrete de que a situação da economia global continua frágil. “Mais uma vez, os riscos negativos dominam e a incerteza em torno das perspectivas econômicas mundiais aumentou”, escreveu o economista-chefe do FMI.

Primeiro, a inflação tem se mostrado muito mais resistente do que se esperava. Embora a inflação global tenha recuado das máximas históricas, essa queda reflete principalmente a forte reversão nos preços de energia e alimentos. O Fundo observa que o chamado núcleo da inflação — que exclui os preços de energia e alimentos — ainda não atingiu o pico em muitos países. “Esperamos que o núcleo da inflação global caia para 5,1% ao ano no quarto trimestre, uma revisão para cima de 0,6 pontos percentuais em relação a nossa previsão de janeiro.”

Mercado de trabalho

Também a atividade mostra sinais de notável resiliência, apesar da agressiva campanha de aperto monetário dos principais BCs globais, com os mercados de trabalho ainda muito fortes na maioria das economias ricas.

“Neste ponto do ciclo de aperto, esperávamos ver mais sinais de enfraquecimento da produção e do emprego. Em vez disso, nossas estimativas de produção e inflação foram revisadas para cima nos últimos dois trimestres, sugerindo um crescimento mais forte do que o esperado da demanda agregada”, escreveu Gourinchas. Segundo ele, isso pode exigir um aperto adicional da política monetária ou que os juros permaneçam elevados por mais tempo do que o previsto.

Apesar do vigor dos mercados de trabalho em muitos países ricos, como nos EUA, o FMI não vê risco de uma espiral descontrolada de salários e preços. Os ganhos salariais nominais, aponta o Fundo, continuam abaixo dos aumentos de preços, implicando uma queda dos salários reais.

Mas mais preocupantes, segundo o FMI, são os efeitos colaterais que o forte aperto da política monetária nos últimos 12 meses que estão começando a aparecer no setor financeiro. Após um período prolongado de inflação contida e taxas de juros extremamente baixas, o rápido aperto da política monetária no último ano provocou perdas consideráveis em ativos de renda fixa de longo prazo. Nesse cenário, investidores nervosos geralmente procuram o próximo elo mais fraco, como fizeram com o Credit Suisse.

“Instituições financeiras com excesso de alavancagem, risco de crédito ou exposição à taxa de juros, excessiva dependência de financiamento de curto prazo, ou localizados em países com espaço fiscal limitado podem se tornar o próximo alvo”, segundo o FMI.

O mesmo alerta vale para países com fundamentos mais fracos. “Um forte aperto das condições financeiras globais poderá ter um impacto dramático nas condições de crédito e finanças públicas, especialmente em países emergentes e em desenvolvimento, com grandes saídas de capital, aumento súbito dos prêmios de risco, valorização do dólar em uma corrida em direção à segurança e grandes declínios na atividade global em meio à queda na confiança, nos gastos das famílias e nos investimentos”, aponta o relatório.

“Em um cenário negativo tão severo, o crescimento global pode desacelerar para 1% neste ano, implicando uma renda per capita quase estagnada. Estimamos a probabilidade de tal resultado em 15%”, escreveu Gourinchas. “Estamos entrando em uma fase complicada na qual o crescimento econômico permanece fraco pelos padrões históricos, há um aumento nos riscos financeiros, mas a inflação ainda não mudou de direção de forma decisiva.”

Turbulência bancária

Mas a turbulência bancária também tem um lado positivo, segundo o FMI, ao ajudar a desacelerar a atividade agregada, com os bancos reduzindo a concessão de crédito. Isso reduziria, em parte, a necessidade de mais aperto monetário. No entanto, alerta o Fundo, qualquer expectativa de que os BCs possam desistir prematuramente da luta contra a inflação teria o efeito oposto: reduzindo as taxas de retorno, apoiando a atividade além do que é necessário e, por fim, complicando a tarefa das autoridades monetárias.

As mais recentes projeções do FMI também indicam uma desaceleração geral nas previsões de crescimento de médio prazo para a economia global. As previsões de crescimento para os próximos cinco anos caíram para 3% em 2023, de 4,6% em 2011.

O FMI atribui parte dessa desaceleração ao impacto da pandemia, ritmo mais lento das reformas estruturais e à crescente ameaça de fragmentação geoeconômica, que gera mais tensões comerciais, menos investimento direto e ritmo mais lento de inovação.

“É improvável que um mundo fragmentado resulte em avanços para todos, ou consiga enfrentar os desafios globais, como as mudanças climáticas ou a preparação para enfrentar novas pandemias. Devemos evitar esse caminho a todo custo”, conclui Gourinchas.

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