Estrangeiro vê Brasil com cautela no curto prazo, mas perspectivas são positivas, diz Flávio Souza, CEO do Itaú BBA
Executivo faz balanço da 16ª CEO Conference, evento com mais de 100 empresas e 500 investidores globais, que aconteceu esta semana, em Nova York
Flávio Souza, CEO do Itaú BBA, avalia que a 16ª edição da LatAm CEO Conference, em Nova York, foi um sucesso de público e conteúdo, pelas análises e discussões que promoveu durante o três dias de evento, que se encerra nesta quinta-feira (11). Além da participação dos governadores Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e Romeu Zema (MG), a CEO Conference do Itaú BBA reuniu executivos de mais de 130 empresas latino americanas e 500 investidores da Asia, África, Europa e EUA. A participação dos investidores internacionais foi massiva, com 70% deles sendo estrangeiros. “A conferência foi um enorme sucesso, com conteúdo muito bacana”, diz Souza.
Investidor estrangeiro cauteloso
Na percepção do CEO do Itaú BBA, a partir das conversas com executivos e investidores globais, o Brasil continua sendo um mercado de interesse para negócios. “Agora, o investidor estrangeiro busca entender o atual momento do país. Do lado positivo, há a noção de que o Brasil não foi impactado por uma crise de crédito. Esse cenário já foi digerido pelo investidor global. Pelo lado da preocupação, há uma percepção de que o país discute uma agenda do passado mais do que de futuro. A grande questão para o investidor é em que momento investir no Brasil, porque se nota mudanças no marco institucional de alguns setores, caso do saneamento. Neste cenário menos definido, o investidor ainda adota uma posição mais cautelosa, em relação ao ‘timing’ de investimento”, diz.
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México: destaque pelo ‘nearshoring‘
“O grande destaque da conferência foi o México”, diz Souza. O país está se posicionando de uma maneira interessante, do ponto de vista geopolítico e institucional, com um ambiente de negócios mais previsível e confiável. Com isso, têm atraído investidores que agora apostam no “nearshoring”.
Se décadas atrás a tendência era do “offshoring” (levar fábricas para países distantes, em especial a China, para reduzir custos), agora a tendência é concentrar as unidades mais perto das regiões consumidoras.
Nesse caso, as empresas globais – e principalmente as asiáticas – têm buscado uma melhor porta de entrada para o maior mercado do mundo: os Estados Unidos.
“O Brasil tem a oportunidade de capturar esse olhar estrangeiro, que considera o ‘nearshoring'”, diz o CEO do Itaú BBA.
Mercado de capitais: IPOs no Brasil
O Brasil vive uma seca de IPOs. As últimas operações acontecerem no fim de 2021 e segundo as conversas na CEO Conference do Itaú BBA, a estiagem deve se prolongar. Segundo Souza, não devem ocorrer novas operações no curto prazo. “O atual patamar de juros não é um impulsionador do mercado de capitais”, diz. A perspectiva de crescimento do país vem melhorando, próximo de 1,5% em 2023, mas ainda não é um nível ritmo muito forte, diz o CEO do Itaú BBA.
Ainda assim, ele acredita que até o final do ano, a B3 deve registrar de 25 a 30 operações de IPO e follow on (oferta subsequente de ações). “O Brasil tem potencial para mais atividade em ações”, diz.
No longo prazo, diz o executivo, o Brasil continua tendo empresas de enorme potencial para acessar o mercado de capitais, seja por meio de equity seja por meio de dívida.
“Quando olhamos a perspectiva para os juros, entrando um ciclo de queda da taxa (Selic), pode haver uma retomada do mercado de capitais. Temos potencial muito maior do que veremos se materializar em 2023.”