FGV: Renda real das mulheres é a pior em 4 anos e não retornou à patamar pré-pandemia

A crise econômica causada pela pandemia, que levou ao desaparecimento de milhares de vagas, influenciou o resultado

Foto: Leo Pinheiro/Agência O Globo
Foto: Leo Pinheiro/Agência O Globo

A renda real habitual da mulher no mercado de trabalho em 2021, que representa os ganhos originados de todos os trabalhos, ficou em R$ 2.255, abaixo de 2020 (R$ 2.416), inferior à de antes da pandemia em 2019 (R$ 2.303) e a pior desde 2017 (R$ 2.231). Os cálculos, deflacionados, foram feitos pela pesquisadora Janaína Feijó, da área de Economia Aplicada, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A crise econômica causada pela pandemia, que levou ao desaparecimento de milhares de vagas, principalmente de baixa qualificação profissional, levou ao resultado, informou ela.

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O levantamento “Panorama das mulheres no mercado de trabalho – Período 2012-2021” foi feito com base em microdados da Pnad, pesquisa oficial sobre mercado de trabalho elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estudo, as mulheres continuam a ganhar menos do que os homens, fenômeno que é perceptível nos microdados da Pnad desde 2012 (início da série histórica atualizada da pesquisa, pelo instituto).

Em 2021, o rendimento médio habitual dos homens ficou em R$ 2.815, segundo cálculos da pesquisadora. Isso fez com que, no ano passado, as mulheres ganhassem em média 19,9% a menos do que os homens – sendo que, em 2020, essa diferença era maior, de 20,4%. Também em 2019, antes da pandemia, esse resultado era pior do que o do ano passado, de 21,4%.

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Mas a especialista negou que esses resultados indiquem melhora na disparidade entre salários e ganhos do trabalho, entre homens e mulheres. Na prática, esse desempenho revela um quadro ainda pior entre as trabalhadoras do Brasil, durante a pandemia.

Ela explicou que as mulheres com pouca qualificação profissional, e menores salários, foram as mais atingidas pelo desemprego na pandemia. Como essas possuem os ganhos originados do trabalho mais reduzidos, isso na prática acabou retirando parte da “base da pirâmide” na força de trabalho feminina nos anos de 2000 e 2001 e, com isso, cortando do cálculo os salários mais baixos das mulheres, na população ocupada. Isso levou a um maior equilíbrio salarial nos ganhos do trabalho entre as mulheres, informou ela.

“A pandemia gerou um efeito de recomposição da força de trabalho” resumiu ela, acrescentando que isso na prática acabou causando uma certa “melhora artificial” na desigualdade de renda entre homens e mulheres.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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