FGV Ibre: anúncio da equipe econômica pode diminuir incertezas

Indicador teve leve piora em novembro à espera de clareza de como será a política econômica do novo governo

Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O aumento da preocupação em relação às contas públicas do próximo governo manteve o Indicador de Incerteza da Economia – Brasil (IIE-Br) da Fundação Getulio Vargas (FGV) em patamar elevado em novembro.

Mas, com a expectativa de anúncio de nomes para equipe econômica e, com isso, uma visão mais clara do que seria condução de política econômica do próximo governo, o índice pode diminuir em médio prazo.

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A análise é de Anna Carolina Gouveia economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre) responsável pelo indicador. Ela fez a observação ao falar sobre a alta de 0,1 ponto no IIE-Br do mês, para 112,1 pontos, uma estabilidade, na interpretação da especialista.

Embora tenha frisado que é favorável o fato de o índice não ter subido, a técnica ponderou que não é exatamente uma boa notícia o indicador se manter em patamar elevado, em novembro.

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Ao comentar sobre a evolução do indicador ao longo dos anos, a especialista informou que a média histórica do índice é de 115 pontos em período de 2015 até o pré-pandemia. A partir de março de 2020 até novembro desse ano, a média histórica do indicador, por conta de todas as incertezas lançadas pela doença na economia – principalmente em 2020 – subiu para 135 pontos.

No entendimento da técnica, um patamar “confortável” para o índice seria na faixa inferior a 110 pontos. Ao ser questionada sobre como o IIE-Br poderia recuar para esse patamar, a especialista foi taxativa: soluções eficazes para diminuir dúvidas na questão fiscal e na questão social.

No campo fiscal, a economista comentou que, mesmo antes do pleito presidencial desse ano, já havia no mercado dúvidas em relação aos gastos públicos do próximo ano. Isso porque havia expectativa de manter o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda do governo, em R$ 600.

No momento, com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorre a perspectiva de mudança da atual gestão, bem como tramitação da chamada “PEC da Transição” ou “PEC da Bolsa Família [antigo nome do Auxílio Brasil” que na prática retira a alocação de recursos no programa do teto de gastos, ainda a período a ser definido.

Esses fatores ajudaram a elevar ainda mais incertezas sobre quadro fiscal do próximo governo, impedindo queda do IIE-Br em novembro, comentou ela.

Ao mesmo tempo, a questão social também é relevante pois não se sabe ainda quais serão as linhas de política social do governo para elevar demanda interna e combater a pobreza, notou ela.

“É a falta de previsibilidade que eleva incerteza com a economia”, resumiu a economista.

No entanto, a especialista ponderou que, em dezembro, serão anunciados os nomes da nova equipe econômica que assumirá no próximo governo. Isso fará com que o mercado tenha uma visão mais clara do que será a condução de política econômica do governo Lula, o que afeta tanto o fiscal, quanto o social.

Mas, no entanto, conhecer os nomes não vai diminuir o patamar de incerteza do indicador de imediato, no curto prazo, observou ela. Isso porque o mercado precisa de tempo para absorver e tecer análises sobre a influência, na economia, da mudança de gestão pública, na atividade, no fiscal, e no social.

“Creio que para o indicador poder voltar à faixa mais confortável [abaixo de 110 pontos] seria mais no médio prazo mesmo” resumiu ela.

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