FGTS investido em Eletrobras (ELET3, ELET6) encolhe R$ 1 bilhão

Trabalhador que destinou parte do fundo às ações da empresa vê papéis cair quase 20% com aceno do governo à reestatização

Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)
Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)

Os 370 mil brasileiros que destinaram R$ 6 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) à compra de ações da Eletrobras (ELET3, ELET6) já perderam R$ 1 bilhão com a desvalorização dos papéis desde a privatização, em junho do ano passado. As ações compradas a R$ 42 agora custam R$ 35. E boa parte da queda de quase 20% no valor das cotas dos fundos é atribuída aos questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao processo de desestatização, com direito a ação da Advocacia-Geral da União (AGU) no Supremo Tribunal Federal (STF) ao limite de votos da União nas assembleias da companhia de energia.

Como ainda não passou um ano da operação, o dinheiro que trabalhadores optaram por trabalhadores optaram por tirar do FGTS para comprar as ações ainda não pode ser resgatado de volta ao fundo, com poucas exceções. Mas há opção de migrá-lo para fundos de ações com gestão ativa, que compram papéis de diferentes empresas.

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Assustadas com ruídos políticos, em busca de diversificação ou incentivadas pelas instituições financeiras, milhares de pessoas optaram por transferir recursos para fundos com gestão ativa, e a cifra migrada já atingiu R$ 954 milhões, segundo levantamento do Valor Investe com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre os principais fundos que receberam aportes na operação da Eletrobras. Os números apontam que a XP e o BTG se esforçaram mais para vender esses novos produtos, mas bancos grandes também têm essa opção na prateleira.

Enquanto alguns milhares de brasileiros desistiram de ficar com Eletrobras na carteira, outros tantos estão na dúvida se seguem o mesmo caminho ou esperar para ver se os papéis se recuperam. Entre especialistas, não há consenso.

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Chamados de Fundos Mútuos de Privatização (FMPs) Carteira Livre, esses fundos de gestão ativa são dedicados exclusivamente à migração de dinheiro dos investidores que compraram ações com FGTS – da Eletrobras, ou Petrobras e Vale. Além de ações diversas, eles podem comprar títulos públicos até o limite de 49% da carteira.

Os gestores desses fundos aconselham a fazer a migração para os produtos com gestão ativa com o argumento de que uma carteira diversificada tende a oscilar menos do que apenas uma ação. Um portfólio com várias ações tende a ser menos impactado por problemas econômicos, políticos ou mesmo setoriais do que um fundo com ações de uma única companhia.

Um ponto de atenção é que os FMPs Carteira Livre normalmente cobram taxas de administração mais altas que os FMPs originais de ações da Eletrobras, e o risco de prejuízos temporários também existe, embora gestores sustentem que é menor numa carteira diversificada.

“Fizemos uma campanha forte de migração para o FMP Carteira Livre porque achávamos e continuamos achando que um fundo diversificado vai render melhor do que um monoativo no longo prazo”, afirma Marcos Peixoto, gestor de renda variável da XP Asset. “A Eletrobras representa a maior fatia do nosso fundo com gestão ativa, mas é uma entre 20 ações. Vai ter momentos em que o papel vai estar melhor e, em outros, pior, mas conseguimos diminuir a posição na hora que quisermos.” Ele acha que Eletrobras ainda é um bom investimento de longo prazo e aconselha fazer a migração pensando em ganhos nos próximos dez anos, não em melhora no curto prazo.

Contudo, alguns analistas de ações e consultores financeiros são mais cautelosos e indicam aguardar as ações se recuperarem pelo menos até o preço da oferta, de R$ 42, para fazer a migração sem prejuízo.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, recomenda a quem já tem carteira diversificada que não se preocupe em migrar agora. E ao investidor que só tem ações da Eletrobras entre os ativos de renda variável, a sugestão é esperar para decidir. “Concordo que é bom diversificar, mas diversificação não é tudo. Devemos ensinar que o mercado de ações é feito de ciclos e que rumores que mexem com os papéis fazem parte, em vez de indicar sair após um curto período, e na baixa.”

Ele e boa parte dos analistas avaliam que o governo não deve ter sucesso na tentativa de rever pontos da privatização da Eletrobras, mas que ruídos políticos ainda devem pressionar as ações. Marcelo d’Agosto, consultor financeiro responsável pelo Guia de Fundos do Valor, recomenda esperar o preço da ação se recuperar para fazer a migração. “Gosto da ideia de diversificar a carteira e diluir os fatores de risco no logo prazo, mas o momento para migrar não é agora, no auge da discussão. A tendência é a poeira baixar”, afirma.

Por Júlia Lewgoy e Fernando Torres, do Valor Econômico

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