Fed aumenta juros nos EUA em 0,25 ponto percentual, para 5% a 5,25% ao ano, em linha com expectativas

Juros americanos seguem em alta; fala do presidente do Fed, Jerome Powell, dará a direção do futuro da política de juros ainda nesta tarde

Jerome Powell, o presidente do Fed, o banco central dos EUA (Foto: Fed/divulgação)
Jerome Powell, o presidente do Fed, o banco central dos EUA (Foto: Fed/divulgação)

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) anunciou na tarde desta quarta-feira (3) aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros nos EUA. Com a alta, o intervalo das taxas passou de 4,75% a 5% para 5% a 5,25% ao ano.

Ainda nesta tarde, o presidente do Fed, Jerome Powell, fará pronunciamento bastante aguardado pelos investidores, que dará pistas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos.

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“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar o intervalo para a taxa dos fundos federais de 5 a 5,25 por cento”, diz o comunicado do Fed.

Uma análise do CME Group apontou que investidores precificam esta como a última alta do ciclo de aumento de juros. De acordo com a empresa do mercado financeiro, deve haver de dois a quatro cortes na taxa até o fim do ano.

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Mercado de trabalho

O otimismo está relacionado com os números do mercado de trabalho e inflação, divulgados recentemente, que indicam um esfriamento da economia americano, com pressão menor sobre os preços e sobre o número de vagas de emprego disponíveis.

Na terça,  o relatório Jolts do mercado de trabalho mostrou criação 9,6 milhões de vagas de trabalho, o que representa uma queda em relação aos 9,9 milhões em fevereiro e a desaceleração do indicador pelo quarto mês seguido.

A Oxford Economics comentou que esse esfriamento no mercado de trabalho é resultado do impacto cumulativo da campanha de aumento de juros do Fed e que o banco central precisaria de mais um aumento para alcançar seus objetivos de “reequilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho”.

Payroll indica mercado ainda aquecido

Em abril, o payroll (relatório de emprego dos Estados Unidos, um dos balizadores para a política de juros) indicou um mercado de trabalho ainda forte, mas com as contratações apresentando desaceleração, indicando que os objetivos do Fed estão sendo atingidos.

O payroll também indicou que o aumento salarial dos americanos, que foi de 0,3% em março em relação a fevereiro e de 4,2% na comparação anual de março, também está arrefecendo.

Juros nos EUA e inflação

Já a inflação, apresentou números em direções diferentes em abril, o que colocou algumas dúvidas sobre o futuro dos juros nos EUA. O índice de preços de gastos com consumo (PCE) ganhou força, ao acelerar de 3,7% na leitura passada para 4,2% no primeiro trimestre deste ano.

Ao mesmo tempo, o núcleo do indicador, que exclui os preços dos voláteis itens de energia e alimentos, também anotou aceleração, ao subir 4,9% no primeiro trimestre, ante 4,4% no trimestre anterior. A expectativa para o núcleo era de alta de 4,4%.

Por outro lado, o CPI, que é o índice oficial de inflação, teve desempenho melhor que o esperado e tem mostrado desaceleração.

O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA subiu 0,1% em março, abaixo do estimado pelos analistas.

Em fevereiro, o aumento foi de 0,4%.

Nos últimos 12 meses, o índice de todos os itens aumentou 5,0% antes do ajuste sazonal.

Juros americanos e crise bancária

A reversão da política de juros do Fed pode impactar também o sistema bancário americano. Com a crise iniciada pelo Silicon Valley Bank, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, disse em pronunciamento em março, após a decisão anterior, que o Fed estava considerando seriamente interromper os aumentos das taxas de juros após o colapso do SVB.

No final das contas, o Fed elevou as taxas de juros em um quarto de ponto, provavelmente, um aumento mais suave do que teria ocorrido sem a crise bancária.

Powell avaliou que a crise bancária fez o papel que seria da política monetária de esfriar as condições de crédito, o que pode ter encurtado o ciclo de alta de juros.

“Acreditamos, no entanto, que os acontecimentos no sistema bancário nas últimas duas semanas provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas, o que, por sua vez, afetaria os resultados econômicos”, disse Powell à época.

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