Integrante do Fed não descarta juros acima de 5% nos Estados Unidos
Esther George, presidente do Fed de Kansas City, considera que a inflação permanece ampla e que há trabalho a ser feito
Ainda não está claro se a redução da inflação dos Estados Unidos em julho é o início de uma tendência, afirma a presidente do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, Esther George, na quinta-feira. “Ainda temos inflação alta. Vimos alguma flexibilização nos números de julho, mas acho que a inflação permanece ampla, então há mais trabalho a ser feito”, afirmou George em entrevista à CNBC.
O Fed de Kansas City é o anfitrião do simpósio anual Jackson Hole e George está participando de uma série de entrevistas que sinalizam o início não oficial da conferência.
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George afirmou que não está claro o quão alto o Fed precisaria subir os juros para manter a inflação sob controle. Ela disse que obter taxas acima de 4% era possível e que mesmo acima de 5% não poderia ser descartado.
O banco central americano elevou as taxas para uma faixa de 2,25% a 2,5% desde março, incluindo dois aumentos de 0,75 ponto percentual em junho e julho.
Autoridades do Fed vêm debatendo se devem diminuir o ritmo para 0,50 ponto percentual em setembro ou continuar com um aperto monetário mais agressivo.
Em uma entrevista separada para a Bloomberg, George disse que a economia “ainda estava se resolvendo”. É provável que as taxas de desemprego aumentem à medida que o Fed apertar ainda mais a política, acrescentou George.
A presidente do Fed de Kansas City disse que não vê muitos sinais de uma possível recessão em seu distrito. Ao mesmo tempo, era importante lembrar que o efeito total do ritmo acelerado de aumentos de juros do Fed ainda não foi sentido na economia. E o banco central está permitindo que seu balanço patrimonial encolha, observou ela.
O que esperar do discurso de Powell
O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, deve ser bastante hawkish (favorável a aumento de taxas de juros), enquanto, em geral, os bancos centrais estarão em um modo de espera para analisar os dados, afirma Kaspar Hense, gerente sênior de portfólio da BlueBay Asset Management.
“Infelizmente, já sabemos que, especialmente os dados de inflação, vão subir na Europa e no Reino Unido, em particular”, diz ele. Os bancos centrais dependentes de dados serão forçados a aumentar as taxas de juros de forma bastante agressiva, acrescenta.
A BlueBay espera um ambiente estagflacionário à frente, onde a inflação precisa ser reduzida antes de discutir um potencial afrouxamento da política monetária, completa Hense.