Febraban quer firmeza contra inflação do sucessor de Campos Neto no Banco Central

Para o presidente da entidade, Isaac Sidney, próximo presidente do BC não pode ser percebido como alguém hesitante no controle da inflação

Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Foto: Claudio Belli/Divulgação/Febraban
Isaac Sidney, presidente da Febraban. Foto: Claudio Belli/Divulgação/Febraban

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, defendeu nesta sexta-feira (19) firmeza do indicado para próximo presidente do Banco Central na defesa no poder de compra da moeda. “O novo presidente do BC não pode ser percebido como alguém hesitante no controle da inflação“, disse Sidney, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

“Se isso acontecer, corremos o risco de desancorarmos as expectativas de inflação e perdermos o trabalho que fizemos até aqui”, adicionou.

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Dessa maneira, a fala do presidente da Febraban vem no momento em que o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, se aproxima do fim.

No cargo desde fevereiro de 2019, Campos Neto é o primeiro a comandar o órgão desde a aprovação do projeto que o torna independente do governo.

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Assim, um novo presidente do BC assumirá no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do presidente da república, em 2025.

Exceto em situações excepcionais, e com aprovação do Senado, um presidente do BC não pode ser demitido pelo presidente da república.

IPCA no país subiu 4,62%

Desde que assumiu o governo no começo de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido um duro crítico da política de juros altos mantida na gestão Campos Neto.

Assim, isso criou turbulência no mercado e o receio de que Lula indique como novo chefe do BC um nome menos comprometido com as metas de inflação.

No ano passado, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, subiu 4,62%.

Com isso, a variação ficou dentro do intervalo definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pela primeira vez em 4 anos.

Isso foi obtido, entretanto, na esteira de um ciclo de juros altos, com a Selic subindo de 2% para 13,75% entre 2021 e 2022.

Com a gradual desaceleração de preços, a taxa básica tem sido reduzida desde agosto, chegando aos atuais 11,75% anuais.

Dessa maneira, a expectativa do mercado, segundo o boletim Focus, é de que a Selic siga caindo nos próximos meses, chegando a 9% no fim de 2024.

Lula já indicou quatro dos oito diretores da equipe de Campos Neto no BC durante seu atual mandato.

“Preciso reconhecer que as indicações feitas até aqui para os 4 novos diretores preservaram a qualidade técnica dos dirigentes do BC”, afirmou Sidney nesta sexta-feira.

A expectativa é de que o governo Lula indique o sucessor de Campos Neto nos próximos meses.

A indicação, contudo, precisa ser avalizada em votação no Senado.

Disciplina fiscal

Sidney também alertou o governo para ser mais coeso na defesa da disciplina nos gastos públicos.

De fato, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem defendido perseguir a meta de déficit fiscal zero em 2024.

Porém, esse esforço tem sido criticado dentro do próprio governo, inclusive pelo presidente Lula.

“Precisamos tirar a questão fiscal da matriz de riscos do país”, afirmou o presidente da Febraban, que representa os grandes bancos do país.

Com efeito, enquanto alguns membros do governo têm defendido o equilíbrio fiscal, outros pressionam por expansão do gasto público.

Assim, o mesmo Boletim Focus indica previsão de déficit primário de 0,8% do PIB em 2024.

“Essa gangorra precisa parar”, afirmou Sidney.

“Aqui e ali já se começa a falar novamente em alteração da meta, o que me parece um grande equívoco”, acrescentou Sidney, lembrando que o país está no primeiro mês de execução do novo arcabouço fiscal.

A fala de Sidney reverbera a mensagem de outros banqueiros brasileiros nesta semana.

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que a déficit fiscal zero deve ser a grande meta do governo em 2024.

Também em Davos, o presidente-executivo do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse que o principal desafio para o Brasil é seu quadro fiscal.

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