EUA e Rússia retiram funcionários diplomáticos da Ucrânia à medida que as tensões aumentam

Os EUA suspenderam os serviços consulares em Kiev e ordenaram que a maioria dos funcionários da embaixada partisse após alertar que uma invasão militar russa poderia acontecer a qualquer momento, já que Moscou também começou a retirar sua presença diplomática na Ucrânia.

A Embaixada dos EUA na Ucrânia disse no sábado que ordenou a saída da maioria dos funcionários contratados diretamente da Ucrânia por causa da crescente ameaça de invasão. A embaixada disse que operaria serviços consulares limitados na cidade ocidental de Lviv.

Cerca de 200 diplomatas devem deixar a embaixada dos EUA. Funcionários não essenciais e as famílias de diplomatas dos EUA receberam ordens de sair no mês passado.
“Apesar de uma redução prudente em nossa equipe diplomática, nossa equipe principal da embaixada permanecerá na Ucrânia com nossos muitos colegas ucranianos dedicados, o Departamento de Estado, a USAID e outros funcionários dos EUA em todo o mundo”, disse a Embaixada dos EUA em Kiev em comunicado.

A Casa Branca aprovou um plano do Pentágono para que as tropas dos EUA na Polônia ajudem milhares de americanos que provavelmente fugirão da Ucrânia, se a Rússia atacar, enquanto o governo Biden tenta evitar uma evacuação semelhante à sua retirada caótica do Afeganistão.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse no sábado que Moscou decidiu uma “certa otimização” do pessoal da Embaixada da Rússia em Kiev e seus consulados em Kharkiv, Odessa e Lviv porque teme “certas provocações do regime de Kiev ou de terceiros países”. Ela disse que os serviços consulares continuarão. Um segurança do lado de fora da Embaixada da Rússia em Kiev e moradores de prédios próximos disseram no sábado que não viram nenhum sinal de evacuação até agora.

A Casa Branca alertou no sábado que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento com grandes ações militares e pediu aos americanos que deixem o país até domingo. A Rússia, que reuniu cerca de 130 mil soldados ao longo das fronteiras ucranianas nas últimas semanas, negou repetidamente que pretende invadir. O presidente Biden e o presidente russo Vladimir Putin devem discutir a crise ainda neste sábado.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse no sábado que o país está pronto para qualquer cenário. “Neste momento, é extremamente importante manter a calma, consolidar dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeem pânico”, afirmou em comunicado.

Outras embaixadas ocidentais também estão retirando funcionários da capital ucraniana, com algumas delas instalando sedes-satélite na cidade de Lviv, perto da fronteira polonesa, considerada relativamente segura, mesmo que a Rússia invada.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no sábado que “continuamos nos concentrando em nossa embaixada” em Kiev e que o departamento fornecerá mais informações nas próximas horas.
“Continuamos a ver sinais muito preocupantes da escalada russa, incluindo novas forças chegando ao redor das fronteiras da Ucrânia”, disse ele após uma reunião com o primeiro-ministro interino de Fiji, Aiyaz Sayed-Khaiyum.

Ele disse que falaria no sábado com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e que continuaria defendendo uma resolução diplomática para a crise.

“Mas deve ocorrer no contexto de desescalada”, disse Blinken. “Até agora, só vimos uma escalada de Moscou. Este é um momento crucial. Estamos preparados para o que acontecer.”

Os hotéis em Lviv já estão lotados de funcionários e contratados de embaixadas estrangeiras. Muitas organizações e empresas internacionais que operam na Ucrânia definiram a evacuação da Embaixada da Rússia como um evento que desencadeou sua própria partida.

O Departamento de Estado ordenou no mês passado a saída de todos os familiares de funcionários da Embaixada dos EUA em Kiev, enquanto autorizava a saída de alguns funcionários da embaixada. Na época, um alto funcionário do Departamento de Estado disse que as medidas eram “precauções prudentes tomadas para a segurança dos cidadãos e funcionários do governo dos EUA, e de forma alguma prejudicam nosso apoio ou nosso compromisso com a Ucrânia”.

“Temos um nível notável de unidade e propósito comum”, disse Blinken. “Nós e nossos aliados deixamos isso bem claro para Moscou: se o presidente Putin decidir tomar uma ação militar, imporemos rapidamente severas sanções econômicas. A coordenação com aliados e parceiros em todo o mundo reforçará a capacidade da Ucrânia de se defender. Reforçaremos nossos aliados no flanco leste da OTAN.”