Estados Unidos podem liberar menos petróleo do que o anunciado, diz UBS
A medida anunciada na semana passada pelo presidente Joe Biden pode ser comprometida devido a gargalos logísticos
As reservas de petróleo americano a serem liberadas podem ser menores que o anunciado pelo presidente Joe Biden na semana passada e que fizeram os preços do petróleo recuar mais de 13%, segundo relatório do UBS assinado pelo diretor global de investimentos do banco, Mark Haefele.
Segundo ele, as quatro cavernas subterrâneas localizadas no Texas e na Louisiana possuem uma capacidade nominal acima de 1 milhão de barris diários, mas os EUA nunca venderam um volume tão grande de petróleo. Além disso, ainda não está claro se há demanda das refinarias para tanto petróleo assim, considerado a qualidade inferior do petróleo estocado.
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Além disso, alguns participantes do mercado acreditam que o volume das reservas liberadas pode ser limitado por gargalos logísticos, como limitação de capacidade dos oleodutos, o que pode fazer com o que o volume a ser liberado no período de seis meses fique abaixo dos 180 milhões de barris anunciados.
Haefele e sua equipe também destacam que liberar as reservas estratégicas de petróleo é como “chutar a lata rua abaixo”. Embora a liberação por um período de seis meses possa aliviar o atual aperto na oferta, não resolve o problema estrutural de escassez resultante de anos de investimentos baixos em um período de recuperação da demanda global de petróleo, diz o relatório.
Irã
Para os economistas do UBS, esses problemas voltarão novamente quando o período de liberação acabar, e as reservas terão que ser recompostas em algum momento. Segundo eles, também são pequenas as chances de mais petróleo ser liberado pelos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), Irã ou empresas americanas.
“Notícias na mídia sugerem que a decisão de Biden de liberar as reservas estratégicas são sinais que as negociações nucleares com o Irã não avançaram, o que pode atrasar o retorno dos barris iranianos, que estão sob sanção”, diz o relatório.
O UBS acredita que a decisão da Opep+ de manter em curso seu plano de aumentar a produção de maio para 432 mil barris diários, apesar de pedidos para um aumento maior, é um sinal de que o grupo também enfrenta desafios para elevar a capacidade de produção.
“A decisão dos EUA de liberar suas próprias reservas de petróleo também pode ter afetado um pouco a decisão da Opep +, embora o cartel tenha citado preocupações de que a guerra na Ucrânia possa reduzir a demanda por petróleo. Assim, embora reconheçamos a volatilidade de curto prazo e o risco de queda nos preços no curto prazo, permanecemos positivos em nossa perspectiva de longo prazo para energia”, diz o relatório.