Análise: EUA vão às urnas nesta terça; quais os impactos de Trump ou Kamala para o Brasil
Segundo o mercado, resultado das eleições trariam impactos indiretos à economia brasileira; confira
Os americanos vão às urnas nesta terça-feira (5) para o evento político mais importante do ano. As eleições definirão um novo presidente da república, se Donald Trump ou Kamala Harris. Além disso, renovarão toda a câmara dos deputados e irão trocar 34 dos 100 senadores.
Para o Brasil, os resultados dessas eleições impactam indiretamente. E isso, tanto do ponto de vista macroeconômico, quanto do micro, com repercussões em alguns setores e empresas.
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Cenário político com Trump e Kamala
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à emissora francesa TF1 torcer pela candidata Kamala Harris.
Segundo ele, com a vitória da postulante do partido Democrata, “é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos”.
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Essa declaração de Lula, preterindo Trump por Kamala, seria a senha para muitas críticas anos atrás. Mas a política de hoje parece normalizar a torcida dos mandatários.
Na Europa, países como Alemanha e França chegaram a se reunir para tratar do que chamam de “risco Trump”. Isso, principalmente em questões imediatas, como a guerra da Rússia na Ucrânia.
Diferenças entre Trump e Kamala
No mercado financeiro brasileiro, os agentes fazem as contas. Neste momento, a balança da predisposição (ao menos dos mais técnicos) pesa favoravelmente à Kamala contra Trump. Embora o cenário ligeiramente mais provável, segundo as pesquisas, aponte o republicano como favorito.
A turma dos números e do dinheiro avalia as diferenças programáticas e ideológicas dos candidatos. Trump, então, é visto como alguém que traria maior volatilidade para mercados emergentes.
Para os especialistas da XP, o republicano, caso eleito, deverá implementar aumento de tarifas e cortes de impostos.
“Com isso, as perspectivas são de uma inflação mais alta, juros altos por mais tempo e um dólar mais forte”, apontam os analistas em resumo aos clientes.
Dólar mais alto com Donald Trump. E com Kamala?
É um pensamento muito parecido com o de David Meier, economista chefe da Julius Baer. Para ele, o programa de Trump, ao contrário do plano de Kamala, poderia deteriorar a taxa de câmbio e gerar pressões inflacionárias. Isso tenderia a se estender para o resto do mundo, principalmente para países como o Brasil.
Já com a candidata Democrata, espera-se, o cenário base é de manutenção do status quo. Ou seja, com as relações comerciais diretas com o Brasil semelhantes ao empenhado pelo atual presidente americano, Joe Biden.
Do ponto de vista macroeconômico, os agentes dizem que um segundo governo Democrata teria alta de impostos para empresas americanas.
E, por fim, uma política mais simpática ao consumo da classe média e dos mais pobres.
Comércio internacional
Mas a cereja do bolo ficaria com as relações comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil.
Donald Trump promete, se eleito, adotar uma política que favoreça a produção norte-americana. Ele quer tarifar em 60% os produtos chineses, 25% os mexicanos e 10% os produtos de outros países. Neste último caso, encaixa-se o Brasil.
Para o mundo, isso representaria um impacto forte no fluxo de comércio entre países. Aos Estados Unidos, as medidas desembocariam em inflação. Para o Brasil, com diria o Banco Central, pressão externa adicional à Selic.
Selic em apuros
Funcionaria assim. A China está exportando bens duráveis a preços realmente baixos. Uma taxação dos Estados Unidos teria forte impacto nas gôndolas dos mercados, com o banco central americano precisando responder via juros.
Uma mudança nos juros dos Estados Unidos, faria com que a maior economia do mundo operasse, mais uma vez, como um bomba de sucção de liquidez global. Isso tudo alcança o Brasil com valorização do dólar, alta nos preços e, adivinha, alta da Selic.
Na ponta positiva, essas medidas podem desencadear aumento de fluxo das produtoras de commodities locais. Isso, por conta de um dólar mais forte e um deslocamento da demanda chinesa dos EUA para o Brasil.
Agenda verde de Trump e Kamala
A economia verde, a qual o Brasil luta para se inserir como protagonista, teria um forte abalo com a eleição de um ou outro candidato.
Trump já se mostrou pouco afeito às questões climáticas. Na dúvida, basta relembrar que a indústria de petróleo e gás é incentivadora do republicano. Segundo o The Wall Street Journal, o setor doou US$ 14 milhões para a campanha de Trump.
Já Kamala Harris mostra-se entusiasta das iniciativas sustentáveis e de matrizes energéticas mais limpas. Segundo a XP, “um governo Kamala pode ser positivo para empresas com exposição a investimentos verdes e minerais críticos”.