Para Eurasia, efeito Trump melhora condições para ajuste fiscal no Brasil

Governo Lula tem que tomar medidas para evitar uma alta maior do dólar, com consequências na inflação, nos juros e no PIB

Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para as Américas (Foto: John Burwel / Divulgação)
Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para as Américas (Foto: John Burwel / Divulgação)

A vitória eleitoral do republicano Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos ampliou as chances de o Brasil fazer um ajuste fiscal mais robusto.

Essa é a avaliação do diretor para as Américas da consultoria Eurasia, Christopher Garman.

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“Estou mais otimista do que há um mês”, disse Garman durante o evento Fórum de Estratégias de Investimentos, do Bradesco, sobre a possibilidade de um pacote fiscal mais amplo por parte do governo Lula.

O executivo estimou que a equipe sob liderança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve anunciar um pacote de redução de despesas entre R$ 35 bilhões a R$ 50 bilhões para 2026.

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Além disso, o ajuste fiscal deve trazer medidas estruturais, incluindo limites para gastos com educação e saúde, BPC e salário mínimo.

Contudo, disse Garman, pelas declarações de Lula, esse pacote deve envolver também medidas para aumento de arrecadação.

Trump: + protecionismo – crescimento econômico = + inflação

Para o diretor da Eurasia, há hoje condições maiores para Trump cumprir suas promessas eleitorais do que aconteceu no seu primeiro mandato.

Nesse sentido, ele considerou factível que o republicano execute planos de protecionismo comercial e de deportação de imigrantes ilegais.

“Desta vez, o Trump vai ter menos freios do que no primeiro mandato”, disse Garman.

Ilustrando esse cenário, no qual os republicanos também terão domínio das duas casas legislativas, Trump vem nomeando seu primeiro escalão com pessoas de absoluta confiança.

Como consequência, estimou o consultor político, os Estados Unidos podem ter menos crescimento econômico e mais inflação.

Além disso, diante de um cenário geopolítico mais incerto, o dólar deve se fortalecer ante outras moedas, incluindo o real, avaliou.

“Esse é o grande risco para o Lula”, avaliou Garman. “Tem menos a ver com contágio ideológico e mais com a economia”, acrescentou.

Por isso, ele disse que o governo tem que fazer um ajuste fiscal para evitar uma escalada ainda maior do dólar, com consequências na inflação, nos juros e no crescimento econômico.

Eurasia: Plano de Trump é inflacionário

Para Garman, contudo, é improvável que Trump consiga entregar numericamente o que prometeu em termos de tarifas e imigração.

Por exemplo: Trump prometeu tarifa de 60% dos EUA sobre produtos da China. Hoje, esse índice é de 11%.

Adicionalmente, o republicano prometeu deportar cerca de 11 milhões de imigrantes.

“Talvez, ele deporte 1,5 milhão em três anos”, disse Garman.

De todo modo, avaliou, ambas as ações terão consequências inflacionárias.

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