Eco Invest Brasil: programa de proteção cambial mira estimular captação de empresas no exterior

Para Ilan Goldfajn, do BID, iniciativa pode ser replicada no mundo todo se der certo

Detalha de nota de dólar. Foto: Pixabay
Detalha de nota de dólar. Foto: Pixabay

O Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil, apresentado nesta segunda-feira (26) em entrevista coletiva em São Paulo, tem como objetivo dar uma seguro cambial e viabilizar operações no mercado de capitais para empresas e investidores sediados no Brasil captarem recursos no exterior, de acordo com documento do Ministério da Fazenda.

O Eco Invest tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país e oferecer proteção cambial.

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No câmbio, o governo quer que os riscos associados à volatilidade do dólar sejam reduzidos, para não atrapalhar investimentos estrangeiros em infraestrutura verde.

Proteção Cambial

O programa não vai interferir no mercado de câmbio. “Nesse sentido, ele não vai reduzir a volatilidade do câmbio, tampouco definir artificialmente o preço da moeda, mas sim oferecer uma proteção específica para projetos de transição ecológica.”

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Por causa das constantes oscilações da moeda, o custo da proteção cambial para prazos mais longos é alto, e acaba inviabilizando investimentos ecológicos em moeda estrangeira. “Além disso, praticamente inexistem soluções no mercado nacional para prazos acima de dez anos.”

Dentro do programa, o governo do Brasil oferecerá uma proteção cambial, segundo o documento. “Assim como o seguro de um carro cobre o prejuízo em caso de acidente, essa proteção garante que, se o real se desvalorizar em um determinado porcentual, o investidor estará protegido.”

O seguro promete cobrir a diferença cambial, assegurando que o investidor possa comprar dólares por uma taxa previamente definida, minimizando, assim, suas perdas.

“Quando se fala em viabilizar operações com recursos do exterior, refere-se a alavancar os recursos já disponíveis no Brasil”, afirma o documento da Fazenda.

Para isso, serão fornecidas linhas de crédito a “custo competitivo” para financiar parcialmente projetos de investimentos alinhados à transformação ecológica que se utilizem de recursos estrangeiros.

“O programa não somente fomentará maior integração das companhias brasileiras com investidores e com o sistema financeiro internacional, como também impulsionará os investimentos verdes no país”, ressalta o documento.

Parceiro estratégico

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai ser o intermediário na contratação de um banco internacional que oferecerá o seguro cambial no Brasil, segundo o documento.

O BID, que tem uma excelente reputação e crédito de alta qualidade (classificação triplo A), pode contratar a proteção cambial de forma mais acessível e com melhores condições, que poderão ser transferidas às companhias e financiadores.”

Com esse arranjo, os envolvidos no projeto querem que o custo para proteger os investimentos contra a variação cambial seja menor, tornando os projetos ecológicos no Brasil mais atrativos para investidores de todo o mundo.

O Banco Central será a ponte entre o seguro que o BID pode contratar e os investidores dos projetos ecológicos no Brasil, sejam eles financiadores ou mesmo as companhias.

O governo, por intermédio do Ministério da Fazenda (MF) vai oferecer uma linha de liquidez especial para financiamentos de grandes projetos sustentáveis. “Isso é especialmente importante para projetos que, apesar de gerarem receita em reais, necessitam de financiamento em moedas estrangeiras, como o dólar.”

Replicado no mundo

Para o presidente do BID, Ilan Goldfajn, o programa de hedge cambial, se der certo, poderá ser replicado no mundo inteiro.

“Tenho certeza de que será um caminho longo, com muita ajuda e muita contribuição. E o BID tem orgulho de ser participante deste pipeline de crédito”, disse Ilan.

O presidente do BID afirmou que muitas vezes se fala que falta investimentos e outras, que faltam projetos. De acordo com ele, ambos faltam, por isso, emendou, o objetivo é aumentar investimentos diretos no Pais e promover projetos de mitigação dos efeitos das mudança climáticas.

“Acho que é simbólico o que estamos fazendo aqui hoje. Se funcionar, e eu acho que será um exemplo para o mundo. Vai ser replicado no mundo todo. É simbólico também porque está acontecendo na semana do G20”, disse ele, durante a apresentação do Eco Invest Brasil.

Objetivo

O presidente do BID disse que o objetivo da iniciativa é dar liquidez e facilitar a implementação de projetos, incluindo os mercados de opções e derivativos.

Neste sentido, de acordo com ele, o BID será o intermediário na contratação de um banco internacional que dará seguro cambial aos investimentos estrangeiros no Brasil.

Apoio do Banco Mundial

O programa de proteção cambial é ambicioso e será apoiado pelo Banco Mundial por meio de estudos técnicos e financiamento, disse o vice-presidente do Banco Mundial para a região da América Latina e Caribe, Carlos Felipe Jaramillo, no evento de lançamento do programa.

“Estamos trabalhando para um novo empréstimo com objetivo de alocar até US$ 1 bilhão no fundo do clima”, disse o economista.

O foco inicial desse novo empréstimo é financiar projetos em florestas, cidades verdes e gestão de resíduos. “O Banco Mundial já tem vasta experiência nessas áreas.”

Jaramillo comentou sobre os projetos de transição energética que o Banco Mundial apoia, como o de hidrogênio verde. “Estamos prontos para mais”, afirmou. “Os desafios ligados às mudanças climáticas são enormes”, comentou.

Com informações do Estadão Conteúdo

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