Dólar avança e vai a R$ 6,17, mesmo com atuação do BC
O dólar à vista encerrou mais uma sessão em alta, desta vez apreciando 0,38% a R$ 6,1773. A valorização da moeda americana se deu em mais uma sessão marcada pela saída de dólares do país, conforme disseram operadores de câmbio, na condição de anonimato. O último mês do ano é marcado pela vazão forte de […]
O dólar à vista encerrou mais uma sessão em alta, desta vez apreciando 0,38% a R$ 6,1773. A valorização da moeda americana se deu em mais uma sessão marcada pela saída de dólares do país, conforme disseram operadores de câmbio, na condição de anonimato. O último mês do ano é marcado pela vazão forte de capital para fora do País. Até o dia 20 de dezembro, houve uma saída de US$ 18,2 bilhões pelo fluxo financeiro e de US$ 0,2 bilhão via fluxo comercial, resultando numa saída total de dólares do país de US$ 18,4 bilhões.
Hoje o Banco Central precisou fazer mais uma intervenção no mercado de câmbio à vista, injetando US$ 3 bilhões. Só em dezembro, no mercado à vista (sem compromisso de recompra) foram vendidos quase US$ 20 bilhões. “Teve uma demanda especial por dólar hoje, mas o BC mapeou bem e ‘netou’ [compensou com dólares] a saída”, diz um trader de uma grande gestora.
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Ao longo do dia, o dólar chegou a bater na mínima de R$ 6,1464 e encostar na máxima de R$ 6,1974. Operadores também mencionaram a incerteza fiscal mais uma vez como outro motivo para o mau humor no mercado, o que corrobora o movimento de busca por dólar nesse momento de estresse. Hoje o euro também exibiu valorização, de 0,57%, terminando cotado a R$ 6,4364. Perto das 17h25, o índice DXY recuava 0,08%, aos 108,16 pontos.
Hoje havia alguma expectativa que o dólar fosse perder força em meio a mais um leilão de dólares do BC, desta vez no total de US$ 3 bilhões. A moeda americana, porém, se manteve firme após a atuação da autoridade monetária, e operadores mencionaram que a explicação estaria no fato de que a saída de dólares do período continua firme.
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O Banco Central informou que o fluxo cambial anotou saída líquida de US$ 11,639 bilhões entre os dias 16 e 20. Diante disso, no acumulado do mês de dezembro, o fluxo cambial fica negativo em US$ 18,427 bilhões, marcando uma forte saída de capital no período.
Na avaliação de um gestor de moedas, o que pode ter ajudado a aliviar, por tempo rápido, foram informações de que o presidente da Câmara busca uma forma de liberar as emendas suspensas pelo STF. Na segunda, os agentes financeiros chegaram a ficar mais céticos sobre a aprovação de mais pacotes na área fiscal pelo governo, diante do impasse com as emendas parlamentares. Assim, uma resolução para a questão poderia ajudar a aliviar ao menos um pouco a percepção de risco, segundo o gestor.
Além do já mencionado, hoje dados da B3 mostraram que, na segunda-feira, o investidor local passou a ficar comprado em dólar, no montante de US$ 508 mil, pela primeira vez nesta posição desde o dia 29 de março de 2023, época da divulgação do arcabouço fiscal.
Após a apresentação das novas regras fiscais no ano passado, o investidor local passou a ter uma visão mais otimista em relação ao real — otimismo o qual teve seu ápice entre o fim de dezembro de 2023 e janeiro de 2024, quando havia uma expectativa de entrada robusta de dólares no país ao longo deste ano devido às projeções bastante otimistas de agentes do mercado com o desempenho da balança comercial.
Desde janeiro, a aposta do investidor local no real vem caindo gradativamente, em meio ao mau humor global (sem perspectivas de cortes mais fortes de juros nos Estados Unidos); à desconfiança e à maior percepção de risco fiscal; e à forte saída de capital pela conta financeira. Em dezembro, essa perda de força se manteve até cair para US$ 1,24 bilhão no dia 19, depois para US$ 417 mil no dia 20, e revertendo a posição para aposta na valorização do dólar, em US$ 508 mil na segunda-feira. Ainda que tenha revertido, a posição líquida comprada em dólar é considerada pequena e pode voltar a ser revertida nas próximas sessões, especialmente em um momento bastante volátil nos mercados e de baixa liquidez devido às festas de fim de ano.
*Com informações do Valor Econômico