Depósitos em bancos dos EUA têm queda recorde de US$ 370 bilhões com alta de juros

A saída de recursos no segundo trimestre, entretanto, não é um problema para as instituições financeiras americanas, que estão com mais depósitos do que querem

Foto: Pixabay
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Os depósitos em bancos dos EUA registraram queda recorde de US$ 370 bilhões no segundo trimestre, o primeiro declínio desde 2018. Os depósitos caíram para US$ 19,563 trilhões em 30 de junho, abaixo dos US$ 19,932 trilhões em março, segundo a Federal Deposit Insurance Corp. (FIDC), agência federal dos Estados Unidos que atua como fundo garantidor de depósitos bancários.

A saída de recursos no segundo trimestre não é um problema para os bancos, que estão com mais depósitos do que querem. Os depósitos no sistema bancário geralmente permanecem relativamente estáveis, mas aumentaram cerca de US$ 5 trilhões nos últimos dois anos devido aos estímulos monetários para fazer frente à pandemia de covid-19. Agora, uma série de aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) está tirando parcela desse dinheiro do sistema, em parte diminuindo a demanda por empréstimos e aumentando o apetite por títulos do governo.

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Quando o Fed começou a aumentar sua taxa de referência este ano, os bancos esperavam – e queriam – que alguns clientes transferissem seu dinheiro para lugares que oferecessem pagamentos de juros mais altos, como títulos do governo.

Ainda em abril, muitos analistas zombaram da ideia de que os depósitos bancários poderiam cair este ano. Mas o ritmo de aumento das taxas do Fed foi mais rápido do que o esperado, e o efeito sobre os depósitos é mais pronunciado.

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As saídas de depósitos alimentarão um debate sobre como as medidas do Fed para apertar a oferta monetária e diminuir o ritmo da inflação vão se desenrolar em um sistema bancário inundado de liquidez.

Os programas de estímulo durante a pandemia quase triplicaram a quantidade de reservas que os bancos comerciais mantêm no Fed. O BC americano quer reduzir essas reservas como parte de seus esforços para tirar dinheiro do sistema, mas apenas para um piso desconhecido que manterá os mercados líquidos e funcionando.

Alguns analistas esperam que o declínio nos depósitos de clientes estimule os bancos a manter menos reservas no Fed. A rapidez com que isso acontece terá implicações para a autoridade monetária, inclusive quando ela parar de apertar a política e de como ficará seu balanço patrimonial.

Para complicar as previsões, há um programa de US$ 2,2 trilhões do Fed de Nova York, onde os investidores guardam dinheiro, que se manteve estável apesar do aumento das taxas. Esse dinheiro vem em grande parte de fundos do mercado monetário. A linha de recompra reversa aumentou durante a pandemia, quando bancos sobrecarregados começaram a pressionar seus clientes a colocar alguns de seus depósitos em fundos do mercado monetário.

Muitos analistas pensaram que o dinheiro seria drenado primeiro do mecanismo de recompra reversa (venda de títulos com compromisso de recompra). Mas até agora aconteceu o contrário, e os depósitos caíram, o que poderia reduzir as reservas bancárias no Fed mais rápido do que o esperado. Isso pode levar o BC americano a parar de apertar a política monetária no início do próximo ano, disseram alguns economistas.

“Acho que estamos muito mais próximos do piso nas reservas do que do consenso”, disse Mike Cloherty, chefe de estratégia de taxas do UBS, em um painel de discussão organizado na sexta-feira pelo Bank Policy Institute (BPI).”

Bill Nelson, economista-chefe do BPI e ex-funcionário do Fed para oferta monetária, ainda acha que o programa de recompra reversa provavelmente cairá no próximo ano, dando mais tempo ao Fed. Mas, diz ele, as probabilidades podem estar mudando. “Há definitivamente a perspectiva de vermos uma rápida saída de depósitos”, disse ele.

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