CPI indica que Fed não cortará juros este ano, dizem analistas

A expectativa de uma pausa no aperto monetário, porém, foi renovada hoje

Na tentativa de domar a inflação elevada, o Fed estipulou uma faixa de entre 5,25% a 5,5%, historicamente alta para o país - Foto: AFP/AFP
Na tentativa de domar a inflação elevada, o Fed estipulou uma faixa de entre 5,25% a 5,5%, historicamente alta para o país - Foto: AFP/AFP

Os dados de inflação ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, apesar de terem vindo abaixo ou em linha com o consenso, mostram resiliência e sinalizam que o Federal Reserve (Fed) pode ter de deixar as taxas de juros altas por mais tempo do que o esperado, além de não cortá-las este ano, dizem economistas. Contudo, a perspectiva se mantém de que, a partir de junho, o banco central americano deve fazer uma pausa no aperto monetário.

Segundo Kaian Oliveira, economista internacional da Parcitas Investimentos, o núcleo do CPI indica uma inflação ainda persistente, mas sem sinais de aceleração.

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O CPI cheio avançou 4,9% na comparação anual de abril, levemente abaixo do consenso de 5% e no menor nível em dois anos. No mês a mês, a alta foi 0,4%, também abaixo da expectativa. Já o núcleo subiu 5,5%, no acumulado em 12 meses, e +0,4% na comparação mensal, sendo ambas as leituras em linha com o que esperavam economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”.

“Números bons para o Fed e condizentes com a pausa. Os sinais de desinflação existem, mas ainda são mistos e incipientes de forma que, apesar de não indicarem mais altas de 25 pontos base, apontam para um ‘higher for longer’”,resume Oliveira.

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O ING também pondera que o núcleo do CPI ainda “está muito alto para o Fed relaxar”. No entanto, a instituição avalia que há alguns sinais de que as pressões sobre os preços do setor de serviços estão moderando, de modo que uma pausa do Fed em junho parece provável. “A história encorajadora nos detalhes é que os serviços, excluindo energia e habitação, parecem abrandar, sendo os carros usados o maior impulsionador ascendente da inflação mês a mês – aumento de 4,4% na comparação mensal”, destaca.

Sobre cortes, o banco holandês ressalta que, se a combinação dos efeitos defasados e da significativa redução da disponibilidade de crédito, conforme destacado pela pesquisa por pesquisa do Fed na segunda-feira, desacelerar acentuadamente a economia e o desemprego começar a aumentar, o “ímpeto irá cada vez mais inclinar-se para cortes nas taxas”.

“No momento, os mercados estão precificando um corte de 25 pontos base já em setembro. Isso pode ser um pouco cedo, mas achamos que novembro e dezembro são apostas decentes para o Fed mudar a política para um cenário mais neutro”, conclui o ING.

Já o Commerzbank tem opinião diferente. O banco alemão comenta que, embora a inflação tenha ultrapassado seu pico, ela está desacelerando muito lentamente. Assim, “o problema da inflação subjacente não foi resolvido, e a especulação do mercado sobre cortes de juros de curto prazo pelo Fed é equivocada”.

Ainda, a Oxford Economics levanta a possibilidade de o BC americano aumentar as taxas novamente, se a inflação e os dados do mercado de trabalho surpreenderem fortemente para cima. “Os formuladores de políticas estão presos em um difícil ato de equilíbrio, pois desejam levar a demanda a um melhor equilíbrio com a oferta e também evitar colocar pressão indevida na economia. Eles também estão navegando no escuro, já que o impacto das condições de empréstimo mais rígidas ainda não atingiu a economia”, afirma a consultoria.

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