Piora fiscal vai limitar queda da Selic e pressionar o câmbio, diz Itaú BBA
Expectativa de economistas do banco é de que governo não cumprirá metas de 2024 e 2025
O Itaú BBA previu nesta quarta-feira uma deterioração das contas públicas em 2025 e nos anos seguintes, o que limitará o ciclo de cortes da Selic e será um fator de pressão sobre a moeda brasileira.
A previsão dos economistas do banco é de que o país terá neste ano um déficit fiscal equivalente a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Para 2025, a previsão é de o resultado será pior: déficit de 0,9% do PIB.
Como resultado, a equipe liderada por Mario Mesquita calcula que a relação dívida/PIB deve crescer 3 pontos percentuais por ano. O índice, que foi de 74,3% em 2023, deve subir a 77% até dezembro e a 80% no fim do ano que vem, de acordo com o BBA.
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A meta oficial do governo Lula é de déficit zero para 2024 e de superávit de 0,5% no próximo ano.
Em apresentação a jornalistas, Mesquita avaliou que, além de não ver as metas atingidas nesses dois anos, identifica fatores de piora em 2025 e 2026.
Isso porque historicamente o gasto público costuma crescer nos anos mais próximos de eleições presidenciais. A próxima será em 2026.
Além disso, o economista pontuou que o Brasil teve fatores benignos para as contas públicas nos últimos anos, mas isso não deve se repetir.
Entre esses pontos, ele listou receitas extraordinárias diante dos preços maiores de commodities das quais o Brasil é grande exportador.
Além disso, o governo também recebeu dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4). No mês passado, a companhia decidiu reter esse pagamento extra.
Por fim, ainda houve receitas extras com privatizações até 2022, ciclo que foi interrompido no governo que assumiu em 2023.
Pressão no juro e no câmbio
Como resultado da previsão de piora das contas públicas, a inflação deve seguir pressionada, limitando o espaço do Banco Central para cortar juros, segundo Mesquita.
A previsão do BBA para o fim deste ano é de que a Selic, hoje em 10,75% ao ano, cairá para algo em torno de 9,5% até dezembro.
No caso do câmbio, esse cenário reflete também o quadro global, com o dólar forte em relação às demais moedas globais.
Isso porque a economia dos Estados Unidos segue forte. Além disso, a inflação naquele país também diminui as chances de corte no juro norte-americano.
“A expectativa de redução mais forte do juro (nos EUA) subiu no telhado”, disse Mesquita, após a divulgação de um importante índice de inflação daquele mercado.
Com isso, o mercado majoritariamente passa a ver a chance de manutenção da taxa americana, atualmente no intervalo de 5,25% a 5,50%, até a reunião de julho do Federal Reserve.